Esforço inútil
Nas últimas semanas, Luiz Inácio Lula da Silva gastou horas e horas em conversas com parlamentares com forte cacife eleitoral em busca de reforços para o PT e de novos apoios a sua candidatura presidencial. As investidas que pareciam bem-sucedidas acabaram sendo atropeladas pelas reações petistas nos Estados. A deputada Rita Camata, por exemplo, foi vetada pelos petistas capixabas e agora pode sair do PMDB para ingressar no PPS do ex-ministro Ciro Gomes. Paparicado por Lula e pelo deputado José Dirceu, o senador Carlos Wilson estava avaliando se trocava o PPS pelo PT quando foi bombardeado por petistas de Pernambuco. O senador Osmar Dias (PR) também passou pelo mesmo constrangimento. Depois de abandonar o ninho tucano, ele foi cortejado pela turma de Lula até que o prefeito petista de Maringá, José Cláudio, entrou no circuito para torpedear outra possível conquista da cúpula do partido.

Investigador investigado
O Ministério Público Federal está investigando o ministro Iran Saraiva, do Tribunal de Contas da União, e toda a sua família: o filho e deputado estadual Iran Saraiva Júnior (PMDB-GO), a mulher, Maria Aparecida, as filhas Milena e Glauce, e até a nora Karolina. O procurador Hélio Telho apura denúncias feitas pelo ex-sócio dos Saraiva, o engenheiro Paulo Gonçalves, de que a empreiteira Guimarães Castro construiu de graça o prédio onde funciona a Universidade Sul-Americana, da família do ministro. A Guimarães Castro foi a mesma construtora que construiu o anexo do TCU em Brasília e hoje explora o restaurante do tribunal.

Ação intrigante
A atuação da Conab está causando estranheza dentro do governo. Em 11 de junho, a diretoria da empresa dispensou o tradicional leilão eletrônico, no qual dezenas de fornecedores concorrem para vender seus produtos, e comprou 1,5 milhão de cestas básicas de meia dúzia de empresas para os flagelados da seca. Cada cesta saiu por R$ 11,58. Na quarta-feira 4, com a volta do leilão, a Conab pagou um preço médio de R$ 10,09 por cesta.

Ora bolas, as fitas
O ex-governador Antônio Britto foi notificado judicialmente por Nelson Tanure a respeito do grampo em seu telefone que resultou na demissão do colunista de O Globo Ricardo Boechat. Respondeu, por intermédio de seu advogado: “(…) Se o Notificado porventura as recebesse (as fitas) – se existentes – delas não tomaria conhecimento, muito menos das mesmas se serviria, estigmatizadas pela própria ilicitude de sua origem. (…) O notificado jamais cuidaria de solver quaisquer divergências com quem quer que seja, através de metodologia inortoxa, consubstanciada em expedientes solertes e reprováveis”. Tradução: “Não tenho nada com isso.”

Fora do páreo
O vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), foi convencido a aceitar a vaga a ser aberta no STF com a aposentadoria do ministro José Neri da Silveira, em abril do ano que vem. Pesou na decisão pesquisas de opinião pública mostrando que Maciel não conseguiria votos suficientes para voltar ao Senado em 2002.

Sempre a viúva
O BC não entrou na Justiça, em 1987, para recuperar o prejuízo que o Banpará deu ao Tesouro, na gestão de Jader Barbalho, por causa de um acórdão no qual o governo do Estado se comprometeu a cobrir o rombo. Por isso que até hoje ninguém pagou um tostão pelo desvio do dinheiro do banco. O papagaio nunca foi quitado e entrou no refinanciamento das dívidas com o governo no ano passado, a juros subsidiados. O Banpará não foi o único a usar a estratégia. Os demais bancos estaduais quebrados fizeram o mesmo.

Rápidas

O governador de Goiás, Marcone Perillo (PSDB), mandou investigar denúncias publicadas em ISTOÉ 1657, em que o primo de seu secretário de Fazenda foi gravado em atitude pouco ortodoxa em relação ao dinheiro público.

A Argentina resolveu pôr a tranca depois de a porta arrombada. Após a prisão de Carlos Menem, vai reativar a estatal Fabricaciones Militares para aumentar o controle sobre a venda de material bélico.

Os governistas que sempre fizeram agrados ao PTB para ter seus votos, após a adesão a Ciro Gomes passaram a chamá-lo de “barriga de aluguel”.

Quem diria: assessores do ex-senador ACM têm telefonado a jornalistas pedindo para entrevistá-lo. Ele está desgostoso com o ostracismo na imprensa.