O mundo está se tornando um lugar inóspito para os animais selvagens. Não importa o local no planeta em que vivem ou mesmo se são espécies terrestres, marinhas ou de água doce. Um estudo inédito divulgado pela ONG WWF, uma das mais importantes do mundo na defesa da natureza, mostra, em números, que os seres humanos estão dizimando os animais selvagens de forma indiscriminada e, principalmente, irresponsável.

Batizado de Planeta Vivo, o relatório da organização, com base em centenas de estudos científicos desenvolvidos nos quatro cantos do mundo, aponta que mais de 50% das populações dos principais animais selvagens do planeta simplesmente desapareceram nas últimas quatro décadas. O estudo engloba o acompanhamento de mais de 3 mil espécies de vertebrados em todos os continentes. São números chocantes, que mostram o impacto direto da ação do homem na natureza num período em que a população mundial seguiu caminho inverso, dobrando de tamanho entre 1970 e 2010.

Os dados são ainda mais impressionantes quando vistos de forma individual. Os elefantes da floresta, por exemplo, tradicionais no oeste e no centro da África, sofreram uma redução de 60% de sua população apenas entre 2002 e 2011. No caso dos peixes de água doce, a redução do número de animais vivendo nos rios do planeta foi de quase 80% nos últimos 40 anos.

O desaparecimento de tantos animais pode ser explicado pela caça indiscriminada, pela destruição dos habitats naturais e pelo desmatamento motivado pela agricultura ou pela geração de energia, como em casos de hidrelétricas. Estas últimas, aliás, são a principal ameaça na América Latina, região que perdeu 83% de sua população animal, a maior queda em todo o mundo. “Em países tropicais, que concentram a maior parte das florestas, acontece muito a transformação da vegetação natural em sistemas agrícolas. No caso da Amazônia, é a pastagem”, explica o superintendente de conservação da WWF-Brasil, Mauro Armelin.

“Esse estudo serve de alerta para mudarmos nossa maneira de pensar, de nos relacionar com os animais. Senão repetiremos o que os portugueses fizeram na colônia, expandindo a exploração inconsequentemente. O governo tem de pensar em novas tecnologias para a agricultura, para que se produza mais em um menor espaço.”

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