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Em mais um debate marcado por ataques e acusações de parte a parte, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) deram uma amostra do tom elevado que deve perdurar até o fim da corrida pela Presidência da República.

Nos estúdios do SBT, em São Paulo, Dilma e Aécio utilizaram uma hora e vinte minutos de espaço em rede nacional para falar de denúncias de corrupção, nepotismo, inflação, segurança e infraestrutura, entre outros. Na maior parte do tempo, entretanto, os temas serviram de meros “ganchos” para acusações.

Ao término do encontro, durante entrevista a uma repórter do SBT, Dilma sentiu-se mal, disse que estava com a pressão baixa, e foi amparada pela jornalista.

A presidente se sentou e foi atendida por uma médica que acompanha a comitiva presidencial. Ela tomou um suco de laranja e comeu um chocolate, segundo assessores da campanha.

Na saída da sede da emissora, em Osasco (SP), Dilma fez um sinal de positivo a jornalistas e gritou: “estou ótima”. Ela entrou no carro e foi embora sem dar mais entrevistas.

Abertura

Na abertura do debate, tanto Aécio como Dilma usaram estratégias testadas em outros confrontos. Aécio afirmou que o ciclo do PT no governo federal fracassou. "O Brasil é um cemitério de obras inacabadas", disse e criticou a condução da economia. Aécio propôs combater a inflação com "extrema firmeza e determinação". Colocou-se novamente como candidato não apenas do PSDB, mas de um "projeto generoso, de união e de integração nacional".

Dilma se colocou como representante do projeto que diminuiu a exclusão social. "Represento o projeto que construiu as bases para Brasil mais moderno, mais inclusivo e mais produtivo", disse Dilma. E repetiu querer continuar a criar oportunidades para todos.

Ataques

No primeiro bloco, o momento mais quente foi a troca de acusações entre os dois em relação a nepotismo. Dilma disse nunca ter nomeado parentes e questionou Aécio se ele já empregou familiares. Aécio respondeu com ironia sobre referência aos concursos públicos no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e lembrou que Dilma escreveu uma carta elogiando o ex-presidente. Sobre a questão de nepotismo, Aécio disse que sua irmã Andrea Neves trabalhou como voluntária no governo mineiro. "Nepotismo é proibido por lei. Ela assumiu cargo de voluntariado, que geralmente as esposas ocupam, entenda a lei", rebateu o tucano.

Aécio citou ainda, dizendo "lamentar trazer isso para o debate", o irmão de Dilma, Igor Rousseff, que segundo ele foi contratado pelo então prefeito de Belo Horizonte e correligionário da presidente Fernando Pimentel. "Ele não apareceu um dia para trabalhar. Essa é a nossa diferença, minha irmã trabalha muito e não recebe nada, seu irmão não trabalha e recebe muito."

Um pouco de propostas

No segundo bloco, o espaço para um mínimo de debate sobre propostas foi um pouco mais utilizado. Aécio questionou de que forma Dilma pretendia combater o alto índice de mortes violentas entre os jovens. A presidenta e candidata à reeleição respondeu que é necessária uma política "que faça com que os jovens não sejam objeto, e não sejam objeto fácil do tóxico, da violência, e das formas pelas quais o crime se infiltra" na vidade deles.

Na réplica, Aécio partiu para o ataque e disse que as políticas do governo contra a violência fracassaram. "Candidata, 56 mil pessoas estão morrendo assassinadas a cada ano no Brasil", disse o tucano. Em sua tréplica, Dilma apresentou números. Disse que o governo gastou mais de R$ 17 bilhões em segurança nos últimos quatro anos.

O candidato do PSDB também questionou Dilma sobre a execução de obras de mobilidade e infraestrutura. "Não se pode jogar tantos números aos ventos e transformá-los em obras. Na verdade, das 200 obras de mobilidade anunciadas pela senhora, 28 apenas foram entregues", disse. A candidata do PT retrucou e afirmou que as construções estão em andamento: "O senhor sabe que as obras de mobilidade são em parceria, parceria com governos e com governadores."

Mais alfinetadas

O terceiro e último bloco, Dilma questionou Aécio Neves sobre a Lei Seca, sancionada por ela. O tucano, que se recusou a fazer o teste do bafômetro em uma blitz em 2011 e teve a habilitação cassada, respondeu de forma incisiva. "Parei numa lei seca e não fiz o exame. Me desculpei e me arrependi disso", respondeu Aécio. Ele chamou Dilma de "mentirosa" e pediu temas "sérios".

A palavra "mentira" foi utilizada seguidamente por ambos os candidatos no último bloco.

"Mentir e insinuar ofensas como essa não é digno de qualquer cidadão, mas é indigno por uma presidente da República. Candidata, a sua campanha é a campanha da mentira", afirmou Aécio.

"Candidato, acho que aqui, quem mente é o senhor", disse Dilma.

Nas considerações finais, Dilma afirmou: "Ao contrário do que ocorria no passado, quando governos de elite só viam as elites, eu governo para todos."

Aécio, por sua vez, voltou a pedir propostas. "Quero ser um presidente que permita que seus adversários possam falar sobre propostas" afirmou.

Novo encontro

O próximo debate presidencial na TV ocorre na noite de domingo 19, na Record, exatamente uma semana antes da votação do segundo turno.

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