Os bucaneiros estão chegando
Na esteira da imprevidência brasileira, estão chegando ao Ministério das Minas e Energia propostas escorchantes para fornecimento de energia a partir de usinas térmicas montadas em cima de navios reformados. Intermediários querem empurrar preços entre US$ 160 e US$ 210 o megawatt/hora. Quem é do ramo diz que, mesmo com crise, o razoável seriam US$ 100 por mWh. A tarifa de uma termelétrica é de cerca de US$ 45! Mas pelo menos 40 dessas barcaças foram colocadas à disposição do Brasil. Hoje, parte delas está ancorada na Ásia, onde há déficit crônico de energia. O problema é que o próprio governo federal já dá como certo que não há mais jeito de evitar apagões no Nordeste até o final do ano. Os governadores da região, sutilmente, estão sendo incentivados a procurar formas emergenciais de abastecimento para as capitais. Ou seja, as tais barcaças, e até mesmo submarinos nucleares que serão espalhados ao longo da costa nordestina. E para onde vai a conta? Como diria Armínio Fraga: “Para o meu, o seu, o nosso bolso.”

A que faltava
Mais um senador perdeu o mandato. Desta vez foi Fernando Matusalém (PPB-RO), que está ocupando a vaga de Ernandes Amorim, eleito prefeito de Ariquemes no ano passado. Com mais de seis anos de atraso, o Tribunal Superior Eleitoral cassou Amorim e o suplente pelo crime de abuso de poder econômico no pleito de 1994. No lugar de Matusalém deveria ser empossado Amir Lando, do PMDB, o segundo mais votado. Mas como Lando foi eleito para o Senado em 1998 e tem mandato por mais quatro anos, assumiu na sexta-feira 29 o terceiro mais votado: o petista Eduardo Valverde, cuja assinatura – a 27ª – garante número suficiente para a criação da CPI da Corrupção.

O golpe de Gratz
Encurralado por uma avalanche de denúncias de corrupção, o governador do Espírito Santo, José Ignácio, está sendo obrigado a entregar o comando da administração do Estado ao grupo do presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz. Tudo para escapar do impeachment. As denúncias, envolvendo sua mulher, Maria Helena Ferreira, em cobrança de propinas, deixaram Ignácio em maus lençóis. Indiciado pela CPI do Narcotráfico como chefão do crime organizado capixaba, Gratz ainda faz troça do governador: “Empresa familiar já é complicado. Governo familiar, então, não dá certo nem na Inglaterra.”

Dilema tucano
Não perguntem ao presidente do PSDB, José Aníbal, o que fazer em relação ao líder de seu partido no Senado, Sérgio Machado, que está indo de mala e cuia para o PMDB. A resposta vem seca: “Nada. Deixa ir!”

Fitas, que fitas? Ora bolas, as fitas…
O capo do Opportunity, Daniel Dantas, antes do vazamento de suas fitas, mostrou partes picantes das dezenas de horas de grampos telefônicos à alta cúpula do PFL. Do grupo carlista ao anticarlista. Um ex-governador do Rio Grande do Sul, que agora anda sem votos e virou lobista, também circulava com o material.

Rápidas

Ameaçado de impeachment, o governador Mão Santa (PMDB-PI) cobrou do correligionário Eliseu Padilha: o amigo Nelson Jobim tem que barrar o processo no STF.

Trem da alegria no Ministério Público do Ceará. A Assembléia Legislativa aprovou a contratação de 60 funcionários sem concurso. Parentes para todos os lados.

A cúpula do PMDB dá como certa a filiação dos irmãos Álvaro e Osmar Dias ao partido. Mas os dois senadores paranaenses já se acertaram com o PSB.

Resultado da divulgação dos grampos no Jornal do Brasil: os diretores da Previ decidiram que não querem mais nada com o Opportunity. E bico calado nos telefones.