Eis o Brasil, mais uma vez, diante de um escândalo de financiamento irregular de campanhas políticas. Agora, tendo como foco a maior empresa do País, a Petrobras. Segundo afirmou o ex-diretor Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada, formou-se um cartel de empreiteiras, que, em vez de disputar obras brigando para oferecer o menor preço e o melhor serviço, faziam conluios entre si. Os agentes públicos, que deveriam coibir a prática, a estimulavam. Especialmente porque recolhiam vantagens pessoais e políticas. Segundo afirmou o doleiro Alberto Youssef, a partilha era feita da seguinte forma: 60% para os políticos, 30% para o “dr. Paulo Roberto” e 10% para os operadores, como ele, Youssef, e o ex-tesoureiro do PP João Cláudio Genu.

O “cartel das empreiteiras” evoca outro caso recente: o do “cartel do metrô de São Paulo”, onde gigantes internacionais, como Siemens, Alstom e Bombardier, também faziam acertos que tinham como consequência aquisições superfaturadas de trens e propinas políticas. A mesma lógica, mas com personagens diferentes.

De um lado, PT, PP e PMDB. De outro, PSDB e seus aliados. Os dois casos mostram que o sistema político brasileiro apodreceu. As campanhas políticas, dominadas pelo marketing eleitoral, são excessivamente caras e a proliferação de partidos favorece o balcão de negócios. Embora não exista o financiamento público de campanhas, ele predomina, mas de forma velada. No fim das contas, são empresas estatais que acabam arcando com o custo dessa farra. A consequência atinge diretamente a economia. Com licitações arranjadas, o Brasil se afasta de um regime competitivo e se torna refém de um capitalismo de Estado, onde as boas relações se tornam mais importantes para os empresários do que aspectos propriamente qualitativos de suas empresas. E isso está na raiz de obras caras, atrasadas e dos serviços de má qualidade.

Punir os responsáveis pela corrupção, quando descoberta, é apenas parte do problema. A solução definitiva passa por reformas institucionais. Por isso mesmo, é inadiável a reforma política, que deveria ser o compromisso inicial dos dois postulantes à Presidência da República. Uma reforma que contemple o financiamento público de campanhas, que já teria vingado no Supremo Tribunal Federal, não fosse o pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes, e a adoção de medidas para limitar o número de partidos e o custo das campanhas, como a adoção de listas e do voto distrital misto. 

Enquanto nada for feito, ficaremos à espera do próximo escândalo.