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O alinhamento automático do PCdoB com o PT desde 1989 revelou-se uma tática acertada até as eleições de 2010. Este ano, os comunistas pagaram junto com os petistas o preço do desgaste do governo. A bancada do martelo e da foice na Câmara tem hoje 15 deputados federais, mas será reduzida para uma dezena na próxima legislatura. A maior vitória do PCdoB este ano foi a eleição de Flávio Dino para o governo do Maranhão – nesse caso, sem aliança com o PT, que manteve apoio formal à família Sarney.

Bancada mais fraca

Além de reduzida, a bancada federal dos comunistas também perdeu alguns de seus integrantes mais experientes e qualificados. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo (SP), não disputou a eleição. O senador Inácio Arruda (CE) tentou uma vaga na Câmara, mas não conseguiu. Ex-vice-governador do Piauí Osmar Júnior também não retornará ao Congresso.

Perda de identidade

Para muitos observadores, o PCdoB repete a trajetória do PPS. De tanto fazer concessões, o antigo “Partidão” se descaracterizou e virou apêndice do PSDB, embora no primeiro turno o PPS tenha apoiado Marina Silva. O PCdoB estaria para o PT assim como o PPS está para os tucanos.

Disputa interna

Os deputados petistas Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS) disputam a indicação do partido para a eleição de presidente da Câmara. Ambos já ocuparam o cargo e, como trunfo, exibem o desempenho que obtiveram no dia 5. Maia teve 133 mil votos e Chinaglia, 135 mil.

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Sinal dos tempos

Derrotado na eleição para presidente em 2010 e para prefeito de São Paulo em 2012, o senador eleito José Serra (SP) desfruta a popularidade. No final do ato em favor de Aécio Neves no Memorial JK, ele foi cercado para selfies. Sorridente, foi o último a deixar o auditório.

Não me deixe só

Causou estranheza a ausência de Lula no momento em que a presidenta Dilma Rousseff fez o discurso de vitória no primeiro turno. Até quinta-feira 9, o ex-presidente ainda não havia confirmado se vai acompanhar sua protegida nas viagens de campanha pelo Nordeste do País.

Tensão na transição

Flávio Dino enfrenta dificuldades para receber informações oficiais da gestão atual. Por enquanto não há diálogo entre a turma da governadora Roseana Sarney (PMDB) e os futuros ocupantes da máquina estadual. Muitos secretários e servidores nem aparecem no trabalho. Os comunistas planejam fazer rigorosas auditorias nas contas de Roseana.

Corpo fora

Um ilustre petista anda incomodado com as reclamações que ouve de ministros em relação à presidenta. Recentemente, na frente de um empresário, um auxiliar culpou a chefe por não conseguir tocar um projeto. “Se eu pensasse como você, pediria demissão do governo”, reagiu o prócer petista.

As contas em Hong Kong

Depois de rastrearem o dinheiro do petroduto na Suíça, os investigadores da Polícia Federal agora se debruçam sobre remessas feitas para a Ásia. Interceptações nos telefones do doleiro Alberto Youssef detectaram três contas em Hong Kong. Uma delas recebeu R$ 23,7 milhões em uma operação de câmbio-importação. Empresas fantasmas criadas no Brasil simulavam operações de compra e venda de produtos para justificar as movimentações internacionais. Os responsáveis pelas investigações do escândalo da Petrobras suspeitam, também, de dez cidadãos de Hong Kong envolvidos nas perigosas transações.

Sonho de aposentados

O STF deve retomar nesta semana o julgamento do processo da desaposentadoria. O recurso terá impacto em 6.831 processos semelhantes e pode permitir que aposentados que continuaram trabalhando tenham seus benefícios reajustados. A maioria dos ministros é simpática à proposta. Um estudo feito por especialistas sobre o prejuízo nas contas públicas vai nortear a decisão.

Toma lá dá cá

Antonio Carlos Andrada – Presidente da Associação Mineira de Municípios e prefeito de Barbacena (MG)

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ISTOÉ – A estratégia municipalista ajuda a presidenta Dilma nas eleições?
Andrada –
Sim. Os municípios se tornaram meros executores das políticas federais. O forte nas cidades é o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o programa de creches.

ISTOÉ – A centralização das políticas na União prejudica a atuação dos prefeitos?
Andrada –
Os prefeitos perderam força no debate eleitoral.

ISTOÉ – Este cenário explica, em parte, a derrota de Aécio Neves em Minas Gerais?
Andrada –
Ter um mineiro com chances de chegar à Presidência vai acender uma chama que estava adormecida, foi uma queda momentânea. Quem é governo votou no governo, quem não é vota pela mudança.

Rápidas

* Os resultados das pesquisas no primeiro turno uniram integrantes do governo e da oposição em um projeto que estava esquecido. Pela proposta, quem divulgar levantamentos com números muito diferentesdos das urnas terá de pagar uma multa de R$ 1 milhão.

* No ato de apoio a Aécio Neves no Memorial JK, causou surpresa a presença da ex-deputada Raquel Cândido (RO), cassada em 1994 por envolvimento no escândalo dos “anões” do Orçamento. Animadíssima, ela ficou em uma das primeiras filas do auditório.

* Se Dilma Rousseff vencer a eleição no segundo turno, a partir do ano que vem terá uma oposição de peso no Senado. As urnas mandaram de volta para Brasília os tucanos José Serra (SP), Tasso Jereissati (CE), além do novato Antonio Anastasia (MG).

* Nesta hipótese, o trio tucano acima vai se juntar a dois senadores com mais quatro anos de mandato pela frente, Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), e a Álvaro Dias (PR), que foi reeleito com a maior votação proporcional do País.

Retrato falado

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Na sessão da CPI da Petrobras da quarta-feira 8, o deputado mineiro Domingos Sávio (PSDB) se revezou ao microfone com o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), zagueiro do governo na comissão. No debate acalorado, o tucano cobrou a liberação pela Polícia Federal da lista de nomes de congressistas envolvidos no escândalo, revelada pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. Pelo que se sabe, a lama pode atingir mais de uma centena de políticos.

Campanha com dinheiro público

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No mês de setembro, a Câmara dos Deputados ficou parada, mas seu presidente, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), teve intensa agenda em sua campanha para governador. Mesmo assim, Alves pediu à Câmara ressarcimento de uma nota de combustível de R$ 7 mil referentes a mais de 500 litros de gasolina comum e 900 litros de óleo. Como a regra impõe teto para esses gastos, ele recebeu reembolso de R$ 4,5 mil.

Falta de solidariedade

A Câmara estuda uma posição definitiva sobre a vaquinha feita há décadas para viúvas de parlamentares, logo depois da morte dos maridos. Com o passar dos anos, as doações ficaram minguadas e quem contribui reclama da falta de participação dos colegas nas últimas coletas.

Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo