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Antes de colocar no ar seu primeiro programa no horário eleitoral gratuito, o presidenciável Aécio Neves (PSDB) telefonou para Renata Campos, a viúva do ex-governador pernambucano Eduardo Campos. A conversa foi rápida e emocionante. Aécio narrou a Renata o teor do programa que fazia uma homenagem a Campos e praticamente pediu a ela uma autorização para a divulgação. Durante a campanha, os dois voltaram a se falar algumas vezes. A última foi na noite deste domingo, logo depois de anunciado o resultado do primeiro turno. De Belo Horizonte, Aécio informou que em poucos minutos faria um pronunciamento e que iria novamente fazer uma homenagem a Campos. E foi lembrando o ex-governador de Pernambuco que Aécio iniciou sua fala como candidato qualificado para a reta final da disputa presidencial e em seguida repetindo o avô, Tancredo Neves, afirmou: “Não vamos nos dispersar”.

Mais do que um simples comunicado sobre o pronunciamento que iria fazer, o telefonema de Aécio para Renata é carregado de significado político. Da conversa poderá surgir a primeira interlocução entre o tucano e Marina Silva, que assumiu o posto de Eduardo Campos na campanha e deixou a eleição com cerca de 21% dos votos válidos. O objetivo é que haja um apoio formal da ex-senadora à candidatura tucana e para isso Aécio quer rapidamente costurar os ajustes necessários para programaticamente manter premissas elaboradas por Eduardo Campos e sustentadas por Marina no primeiro turno. Aécio tem pressa e sabe que Marina poderá levar algum tempo para se posicionar e até eventualmente se manter neutra na próxima etapa da eleição. Nesse caso, contar com o apoio de Renata Campos é um cacife eleitoral forte e que pode trazer consigo a maior parte do PSB, independente da posição de Marina. “A maioria do eleitorado disse não ao governo do PT e nos entendemos isso com absoluta clareza. Não tenho dúvida de que o PSB estará com Aécio”, disse um importante líder do partido à ISTOÉ.

Além de buscar o apoio de Renata, o PSDB irá insistir com Marina. Nas próximas horas, a ex-senadora deverá ser procurada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A idéia é que FHC traga ao partido quais as condições que Marina pretende ver atendidas e discutir com os tucanos como formalizar um eventual acordo. No discurso de Aécio, ficou claro que há disposição para a negociação. “Essa não é mais uma candidatura do PSDB e dos partidos aliados, mas uma candidatura que representa a todos os que desejam mudanças no País”, afirmou o senador mineiro.

Além de ajudar no processo de aproximação com Marina, a presença de Renata Campos ao lado de Aécio também é importante para que o tucano consiga aumentar sua presença no nordeste, região onde a candidatura da presidenta Dilma Rousseff leva enorme vantagem, embora tenha saído das urnas com uma performance inferior à de 2010. A estratégia inicial para o Nordeste é contar com Renata e o PSB em Pernambuco, e Tasso Jereissati – senador eleito – no Ceará.