O obscurantismo em torno do aborto levou cerca de 7,5 milhões de brasileiras a interromper a gravidez nos últimos dez anos. Os números mostram que a morte de mulheres durante cirurgias em clínicas clandestinas é cada vez mais negligenciada pelo poder público. Na mesma semana em que um exame de DNA confirmou que o corpo encontrado em Guaratiba, no Rio de Janeiro, é da jovem Jandira Magdalena dos Santos Cruz, 27 anos, a polícia começou a investigar outro caso semelhante. O corpo de Elizângela Barbosa, 32 anos, grávida de cinco meses, foi encontrado na Estrada de Itioca, em Niterói – ela havia saído de casa para realizar um aborto. Levantamento feito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro revelou que somente no ano passado o número de procedimentos ilegais variou entre 685 mil e 856 mil. No Brasil, o aborto só é permitido quando há risco para a vida da gestante, diagnóstico de anencefalia no feto e em caso de estupro.