No longo de seis anos no comando de uma agência de viagens em São Paulo, Nádia Christopoulos acostumou-se a responder às mais diversas perguntas sobre passagens e reservas e a resolver todo o tipo de quiproquó que pode envolver uma viagem de avião. A partir dessa experiência, escreveu o guia Take-off (decolagem, em inglês), que traz desde informações que um passageiro precisa ter para não correr o risco de ficar em terra até curiosidades sobre vôos, como, por exemplo, a possibilidade de pedir sanduíches do McDonald’s em rotas domésticas dos EUA. “O livro não é só para marinheiros de primeira viagem”, diz Nádia. “Existe muita gente VIP que tem dúvidas importantes, mas não pergunta para não parecer que é pouco viajada”, revela.

Entre os problemas que o passageiro enfrenta por falta de informação, o mais frequente, segundo Nádia, é o de alteração de reserva. Tome-se o exemplo de um brasileiro que vá visitar Madri, Roma, Paris e Londres. Se ele mudar a data do embarque para Madri, as reservas de todos os outros trechos são canceladas. “As pessoas não sabem que as outras reservas precisam ser refeitas, mesmo que a pessoa não vá mudar a data dos outros vôos”, explica Nádia. Mas existem problemas piores. Há dois anos, o jornalista Ferreira Neto chegou a Miami carregando na bagagem 14 comprimidos de Rohypnol, um sedativo contra insônia vendido nas farmácias brasileiras, mas proibido nos EUA. Resultado: cinco dias de cadeia por tráfico de substância ilegal. A autora alerta que qualquer medicamento de tarja vermelha ou preta deve estar acompanhado de receita médica e que é bom perguntar ao médico se a substância é proibida no país de destino.

Entre as suas 144 páginas, que podem ser lidas em pouco mais de duas horas, o guia Take-off – que Nádia acredita ser o primeiro do gênero no mundo – diz quais os países que exigem visto ou vacina, mostra diferenças de fuso horário e mapa de aviões, traz um glossário de termos técnicos, além de informações sobre aluguel de carros, reservas de hotel e dezenas de outras dicas para evitar dor de cabeça em via-gem. Também menciona alguns episódios engraçados, como o de um cliente que, ao entregar uma passagem internacional para a mulher, incluiu um bilhete falso dizendo que aquele tipo de passagem não dava direito à entrada em free shops.

Milagre na Balança

Um dos dados do guia Take-off terá de ser atualizado em sua próxima edição. Uma bem-vinda norma do Departamento de Aviação Civil datada do início do mês altera a regra do peso de bagagem nos vôos para a Europa e o Oriente Médio. Agora, todos os passageiros, independente da classe, podem levar duas malas de 32 quilos cada uma – norma que já vigora há alguns anos para os EUA e o Canadá. Antes, os passageiros da classe econômica tinham direito a um total de 20 quilos, os da classe executiva, 30 quilos, e os da primeira, 40 quilos. A nova regra deve acabar com a eterna barganha dos passageiros com quilos a mais no balcão do check in. Afinal, com direito a 64 quilos, ninguém mais pode reclamar.