Sem as pressões dos radicais que impediram, em 1981, uma investigação séria do atentado do Riocentro, o Exército não vai manter o coronel Wilson Machado no Quadro de Oficiais da Ativa. Tão logo a Justiça Militar o classifique de réu do processo, o coronel será “agregado”, que no jargão militar representa afastamento temporário, mas com 90% de chances de ser definitivo. O coronel recebeu, semana passada, uma comunicação reservada de que as investigações concluíram por sua culpa no atentado e que não deverá escapar do julgamento da Justiça Militar. “Patinho”, como é chamado pelos colegas de turma, nunca foi incluído pelo Exército entre os oficiais selecionados para o curso da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), o que o impediu de se habilitar para a promoção a general.

“Estamos aliviando a instituição militar de um desgaste que lhe foi imposto indevidamente”, disse o coronel Luiz Henrique Pires, que chefiou a Seção de Doutrina da Eceme. Pires declarou que “o IPM agora está sendo feito de forma profissional pelo general Ernesto Conforto, que tem o apoio do comandante do Exército, general Gleuber Vieira, para realizar o inquérito de acordo com a legislação brasileira”. Gleuber chegou a admitir, em documento reservado, que a reabertura do caso não revelaria nada de extraordinário. Mas deixou claro que “o que a Justiça decidir será acatado”.