A corrida presidencial volta a embolar na reta final de campanha, com os três principais postulantes ao cargo se aproximando. Barbeiragens nos programas eleitorais e erros de estratégia nas mensagens veiculadas ao público estariam por trás do recuo na vantagem da presidenta Dilma, que tenta a reeleição, e na desidratação da candidatura Marina, como mostram as pesquisas e “trekkings” partidários mais recentes. O tucano Aécio, com o seu bordão “a onda da razão vai prevalecer”, parece confirmar seus prognósticos com números de uma reação gradativa. De uma maneira ou de outra, o que ficou claro nos últimos dias é que o marketing da lorota adotado por Dilma e Marina em discursos e propagandas de rádio e TV pegou mal junto ao eleitor. O movimento apelativo passou da dose. Os articuladores de Dilma, com a estratégia do medo para desqualificar adversários, veicularam peças inverossímeis sobre ameaças ao Bolsa Família” e um iminente assalto ao dinheiro do trabalhador que surrupiaria da mesa da família o pão nosso de cada dia via ideia de Banco Central independente – algo, na prática, não muito diferente do modelo em funcionamento hoje no BC. O caldo entornou de vez nas hostes petistas e a crise levou assessores a baterem cabeça. Marina, por sua vez, se embolou nos argumentos, indo e vindo em propostas com baixa consistência que lhe tiraram crédito e reforçaram a sua ambiguidade. Ficou difícil para ela combinar a plataforma do PSB com as convicções pessoais. A hesitação evidente ao hastear e depois recolher várias bandeiras gerou desconfiança. Tudo junto e misturado no mesmo caldeirão eleitoral vai mudando o clima, e o voto, a favor de um ou outro candidato. Os próximos dias serão decisivos. E como já ocorreu em edições anteriores do pleito, a escolha definitiva de cada eleitor está ficando mesmo para os momentos derradeiros, na boca de urna. Até lá, a batalha da baixaria e agressões verbais que prevalece vai expondo a fragilidade de candidaturas daqueles que pouco têm a apresentar enquanto buscam o poder a qualquer custo, adotando armas de terrorismo oportunista. A boa notícia: sobrou espaço para a discussão de alternativas mais consistentes. E assim, aqueles dispostos a trazer bons programas de governo poderão finalmente ter vez.