O movimento do eleitorado nos últimos dias provocou uma renovação de ânimo nos principais líderes tucanos e reforçou um discurso adotado pelo candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, desde o início do mês. O presidenciável tem insistido na tese de que ainda há tempo para envolver o eleitor numa espécie de “onda da razão” e alcançar o segundo turno das eleições. Pesquisas internas do PSDB mostram que a distância que o separa de Marina Silva, candidata do PSB, estaria entre 8 a 10 pontos percentuais e que esse movimento de retorno dos votos obtidos anteriormente por Aécio começou a ocorrer no Rio de Janeiro, passou por Minas Gerais e pode chegar a São Paulo, maior colégio eleitoral do País. Os levantamentos internos do PSDB foram corroborados pelo Ibope, divulgado na semana passada. De acordo com a pesquisa, Aécio saltou de 15% para 19% num intervalo de apenas quatro dias.

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Entusiasmadas com a subida do presidenciável tucano, socialites se reuniram com Aécio na segunda-feira no Diretório do PSDB em São Paulo. No encontro, condenaram o voto útil em Marina pregado por setores da legenda. “Ainda temos 18 dias até a eleição. Se o Aécio encostar em Dilma, ele ganha. Esta eleição é de oposição ao PT”, disse a relações-públicas Regina Martinez. A expectativa na campanha do PSDB é de que encontros como esse sejam reproduzidos nos Estados. Para recuperar os eleitores perdidos nas regiões em que tem mais potencial de voto, como no Sudeste e no Sul do País, Aécio irá intensificar as viagens a essas regiões nos próximos dias. O tucano também permanecerá empenhando seus esforços em criticar o atual governo e em mostrar a semelhança de Marina Silva (PSB) com o PT. Na tentativa de desvincular Marina da imagem de mudança tão aclamada pelos brasileiros, Aécio enfatizará nas entrevistas e nos programas de televisão a semelhança dela com o PT e sua militância durante 20 anos de partido, incluindo o fato de ela ser filiada ao partido de Lula quando o escândalo do mensalão eclodiu e ter tido posição contrária ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal quando era parlamentar pela sigla da presidenta Dilma. A intenção é carimbar a candidata do PSB de “PT 2”.

Nos Estados, a campanha manterá a toada de colar a imagem de Aécio a de governadores bem avaliados como Marconi Perillo (Goiás), Simão Jatene (Pará), Ana Amélia Lemos (Rio Grande do Sul) e Geraldo Alckmin (São Paulo), que virou a principal aposta do mineiro para liderar isoladamente as pesquisas de intenções de voto no Estado. Nos próximos dias, Alckmin estará mais presente na campanha de Aécio. Além de fazer aparições na propaganda nacional do PSDB e ceder tempo para o senador em seu programa, o governador já tem liderado reuniões com os prefeitos de todo o interior de São Paulo para pedir mais engajamento na campanha. “Aécio começa a reagir e é possível que ele alcance uma posição melhor do que tem hoje, se ele intensificar a campanha em São Paulo, Rio e Minas”, avalia o cientista político Gaudêncio Torquato. Além de detectar o crescimento nesses Estados, pesquisas internas encomendadas pelo PSDB mostram que Aécio tomou a dianteira no Paraná e em Santa Catarina.

Na semana passada, o horário eleitoral do PSDB exibiu um elenco de cantores que declararam voto no candidato tucano, entre eles Zezé di Camargo. Ao vincular sua imagem a deles e também a de ex-jogadores de futebol como Zico e Ronaldo Fenômeno, como ocorreu na última semana, Aécio acredita surfar na nova onda de popularidade capaz de levá-lo ao segundo turno. Reza a sabedoria popular que “cabeça de juiz e urna eleitoral só abrindo para ter certeza de seu conteúdo”. Se, de fato, a razão prevalecer sobre a emoção, o resultado das urnas, no dia 5, não será tão imprevisível assim. 

O INFLAMADO FERNANDO HENRIQUE

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Mais presente na campanha de Aécio Neves à Presidência, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso proferiu um inflamado discurso durante encontro de empresários na casa do empresário João Doria Jr, na região dos Jardins, em São Paulo, na segunda-feira 15. A reunião destinava-se a homenagear o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Mas foi FHC um dos convidados mais aclamados. “Não basta ficar indignado. Tem que ser contra”, esbravejou o ex-presidente em alusão ao governo do PT. “Eu acordei há alguns dias e li as revistas.

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Aclamado em encontro na casa do empresário João Doria Jr.,
FHC diz que eleição se ganha no dia da votação

Sou uma pessoa de energia. Mas confesso a vocês que fiquei golpeado (ao ler reportagens sobre a Petrobras). Até que ponto vão abusar da nossa paciência?”, disse FHC, aumentando o tom de voz. “Estamos numa situação calamitosa no Brasil, que causa repulsa e indignação”, lamentou. Ao finalizar seu discurso, Fernando Henrique, que dividiu a mesa com empresários como Pedro Passos, da Natura, Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, e Marcelo Odebrecht, encarnou o novo tom de otimismo da campanha de Aécio. “Vamos ser francos: eleição se ganha no dia. Estamos aqui para apelar. E eu apelo mesmo. Minhas palavras não são de desespero, mas de convicção. E também não sou ingênuo. Com fé e convicção, vamos mudar este país.”


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