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A primeira pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada depois da morte de Eduardo Campos mostra que, apesar de a candidatura de Marina Silva (PSB) ter atraído os votos daqueles que desejam mudanças no comando do País, a eleição presidencial ainda não está definida. Com menos de um mês de campanha, a ex-senadora do Acre soma 29,5% das intenções de voto no primeiro turno. Está empatada tecnicamente com a presidenta Dilma Rousseff (PT) e, em um hipotético segundo turno, Marina venceria Dilma, com 47,6% contra 32,8% dos votos válidos. A mesma pesquisa, realizada entre os dias 1o e 4 de setembro com dois mil eleitores, porém, constatou que 44,4% dos brasileiros aptos a votar admitem a possibilidade de mudar o voto até a eleição. “O número de pessoas que ainda se declaram indecisas, somado ao número de eleitores que admitem mudar de voto, corresponde a mais da metade do colégio eleitoral”, avalia Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus. “Isso revela que a corrida eleitoral deste ano ainda poderá produzir algumas reviravoltas.”

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Segundo o diretor do Sensus, a comoção provocada pelo acidente que vitimou Eduardo Campos e a sensação de novidade com uma entrada inesperada na campanha favoreceram a ex-senadora, que já disputou a eleição nacional em 2010 e é bastante conhecida pelos eleitores. Esse “efeito Marina”, num primeiro momento, acabou tirando votos tanto da presidenta Dilma como do senador Aécio Neves (PSDB). De acordo com a pesquisa, o tucano perdeu 6,2%, caindo para 15,2%, e a presidenta perdeu 3,9%, caindo para 29,8% (leia quadro). Para ambos, no entanto, a pesquisa revela algumas boas notícias. Aécio é dos três principais postulantes ao cargo de presidente o menos conhecido dos eleitores. Segundo a pesquisa realizada em 136 municípios de 24 Estados, quase 20% do eleitorado não conhece o senador mineiro. Já a presidenta Dilma é conhecida por 90,8% dos eleitores e Marina Silva por 89%. “O fato de Aécio ser o menos conhecido dos três significa que ele tem um maior potencial de crescimento entre os indecisos, desde que sua campanha seja capaz de levar uma mensagem que atraia o eleitor”, afirma Guedes. Outra boa notícia para o tucano diz respeito à rejeição. De acordo com a pesquisa ISTOÉ/Sensus, 31,5% dos eleitores não admitem votar em Aécio. O número sobe para 44,3% quando a candidata é a presidenta Dilma Rousseff; e em relação a Marina, que está há menos de um mês em campanha, o índice é de 22,3%. “O histórico mostra que rejeições acima de 40% são impeditivos para a eleição”, pondera Guedes.

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Para a presidenta Dilma, a boa notícia vem acompanhada de um desafio difícil de ser superado. O número de eleitores que aprovam a sua atuação pessoal à frente do Palácio do Planalto saltou de 40,5% entre 9 e 12 de agosto para 46,3% na primeira semana de setembro. O desafio consiste em transformar essa aprovação em votos, pois no mesmo período a intenção de voto na candidata do PT caiu quase 4% e sua rejeição cresceu 2%. São incoerências típicas de um eleitorado que ainda está em busca de definições mais consistentes e que, portanto, pode provocar repentinas alterações durante a campanha. Segundo Guedes, a morte de Eduardo Campos transformou essa eleição na disputa mais atípica desde a redemocratização do País. “Na lista estimulada, temos 23,5% de indecisos, brancos e nulos. É um número muito alto para o mês de setembro dos anos eleitorais”, analisa o diretor do Instituto Sensus. “Nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010 nesta época medíamos cerca de 15% de indecisos, brancos e nulos. Ou seja, estamos com 9% a mais do que tradicionalmente medíamos nas eleições passadas.”

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A realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil retardou o engajamento do eleitor com a disputa eleitoral. O que costumava acontecer no início de julho acabou sendo adiado para agosto. E, quando o eleitor começava a se definir, houve a troca da candidatura de Eduardo Campos pela de Marina Silva. Esses fatos obrigaram os principais partidos a promover mudanças em suas estratégias de campanha. Nas próximas semanas, de acordo com Guedes, é provável que haja uma definição mais efetiva dos eleitores e as pesquisas consigam captar mais tendências do que fotografias instantâneas.

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Guedes:
"A eleição ainda não está definida porque o número de indecisos é muito alto"


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