Thrillers psicológicos são geralmente pretensiosos, com histórias falsamente inteligentes que disfarçam enredos mal amarrados sob supostos quebra-cabeças. Mas o diretor neozelandês Lee Tamahori transformou a regra em exceção com seu Na teia da aranha (Along came a spider, Estados Unidos, 2001), cuja estréia nacional acontece na sexta-feira 15. Ao tornar atraente uma trama de suspense e aventura policial envolvendo uma mente criminosa, Tamahori dá ao espectador a chance de participar de um jogo intrincado no qual o maníaco Gary Soneji (Michael Wincott) se destaca como um vilão atípico. Soneji não quer dinheiro ou poder. Ele só almeja a fama de vir a ser o criminoso do século raptando a filha de um senador e distribuindo pistas que só a experiência e o olhar aguçado do detetive, psicólogo e escritor Alex Cross podem desvendar. Cross é o papel do sempre cool Morgan Freeman, um ator no ponto para desenvolver personagens nada histéricos, donos de raciocínios ágeis, mas que acabou convertendo a qualidade em perigosa e repetitiva marca registrada, bem distante do brilho atingido com seu Hoke Colburn, o superamigável e paciente motorista de Conduzindo miss Daisy.

No entanto, apesar da atuação próxima do déjà vu, Freeman se sai bem na luta contra o mal. Durante anos, Soneji estudou minuciosamente a rotina de uma escola para filhos de gente importante. Lá se empregou e colocou em prática seu plano pérfido com o requinte de um ourives e a inteligência de um cientista. E, claro, a garota é raptada na maior tranquilidade para desespero da agente de segurança da escola, Jezzie Flannigan (Monica Potter). Ela se torna parceira involuntária de Cross, que se viu obrigado a abandonar a aposentadoria induzida e embarcar na evidência do crime deixada em sua caixa-postal pelo vilão. Com ação na medida exata, cortes e sequências precisas e um criminoso bem delineado, vindo da adaptação do best seller de James Patterson, Na teia da aranha reserva emoção, suspense e muitas surpresas.