A natureza não foi muito generosa com o avestruz. Além de feio e desengonçado, é uma das poucas aves que não voam. Pudera. Como um bicho que mede mais de dois metros e pesa 150 kg tiraria os pés do chão? Para complicar, o animal tem as asas atrofiadas. Mas essa estranha e simpática criatura começa a chamar a atenção de gourmets e chefs de cozinha. E logo, logo poderá estar no seu prato. No mês passado aconteceu o primeiro abate nacional da história da estrutiocultura, o nome que se dá à criação de avestruzes. Os 12 bichos abatidos pertencem ao empresário Maurício Lupifieri, 45 anos, dono da Aravestruz, um dos primeiros produtores do País.

A carne de avestruz é velha conhecida dos consumidores americanos, europeus e asiáticos. A chegada do produto por aqui agradará em cheio à turma da geração saúde. A carne dessa ave tem menos calorias do que a do boi, frango e porco. Mesmo sendo vermelha, em decorrência da alta concentração de ferro, apresenta taxas de gordura e colesterol inferiores às dos concorrentes. Os clientes da requintada churrascaria Rodeio, no bairro dos Jardins, em São Paulo, foram os primeiros a experimentar o avestruz nacional. Roberto Macedo Filho, 34 anos, um dos sócios da casa, está satisfeito com a procura. “É um teste que nós estamos fazendo. A aceitação tem sido boa. É uma carne macia e saudável e tem tudo para vingar”, diz. Depois de muito pesquisar, Beto Macedo chegou a 28 receitas que levavam a iguaria como ingrediente principal. Escolheu seis. Entre elas, o avestruz ao molho madeira e champignon.

O chef Alessandro Segatto, 28 anos, do badalado La Risotteria, vizinho do Rodeio, tentou incluir o avestruz, na época importado da Austrália, na lista de pratos do restaurante. Mas a novidade não vingou. Segatto identificou uma certa rejeição da clientela. Não soube precisar os motivos. “Parecia que as pessoas tinham uma certa pena do bicho. Mas, com a entrada do produto nacional, a tendência é que essa imagem mude”, acredita. O chef aprecia a carne. Mas recomenda alguns cuidados no seu preparo. O principal é servi-la ao ponto. “Por ser uma carne fibrosa, de consistência similar à do javali, ela apresenta uma musculatura muito forte. O ideal é marinar antes de prepará-la. É uma carne com sabor próprio, bem diferente da do boi, mas bastante saborosa”, afirma.

Demanda – Ainda não se tem previsão de quando a carne da ave chegará ao consumidor. O plantel do País, estimado em 45 mil cabeças, ainda é pequeno para atender à eventual demanda. O quilo do avestruz custa aproximadamente R$ 60. Poderá diminuir quando o Ibama e o Ministério da Agricultura alterarem sua classificação. Hoje ele é considerado uma ave exótica. Os produtores querem que ele entre na mesma regulamentação de bois, vacas e galinhas. Além de ser uma saborosa iguaria, o avestruz tem outras utilidades. Do couro podem ser feitos uma série de produtos, como bolsas, sapatos e botas. Os cílios são matéria-prima na fabricação de pincéis. Até correr ele pode. Há dois anos, Maurício Lupifieri organizou duas corridas em cidades do interior de São Paulo. O mais engraçado era ver o esforço dos jóqueis para montar nos bichos…

Medalhões ao Molho Madeira com Champignon
Acompanhamento: arroz e purê de mandioquinha

250 gramas de medalhão
de avestruz
1 xícara de azeite de oliva
2 colheres de vinho
madeira tinto
3 colheres de mandioquinha
1/2 xícara de leite
1 colher de queijo ralado

Para preparar o medalhão: Coloque o medalhão de avestruz em uma frigideira com azeite de oliva e deixe-o grelhando por 10 minutos.
Em seguida, misture o vinho à carne e flambe a mistura por cinco minutos. Para servir, é só adicionar o molho madeira.

Para fazer o purê de mandioquinha:
Misture a manteiga e a mandioquinha ao leite aquecido. Por último, adicione o queijo ralado. Cozinhe os ingredientes em fogo baixo por três minutos. Está pronto.