Filho do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Rodrigo García poderia ter escolhido algum enredo social ou do realismo mágico, típico da lavra do pai, para marcar sua estréia na direção. Preferiu, no entanto, uma história própria, urbana e intimista sobre seis mulheres no momento de transformação de suas vidas. Coisas que você pode dizer só de olhar para ela (Things you can tell just by looking at her, Estados Unidos, 2000) – em cartaz no Rio de Janeiro e estréia em São Paulo prevista para a sexta-feira 8 – conseguiu reunir Glenn Close, Holly Hunter e Cameron Diaz, que trabalharam por um cachê bem abaixo dos seus. Glenn dá um show de interpretação como a dra. Elaine Keener, que contrata uma leitora de tarô para dizer tudo o que ela já sabe sobre sua solidão ao lado da mãe inválida.

Estruturado em episódios, o enredo prossegue com a decisão da gerente de banco Rebecca (Holly Hunter) em fazer um aborto. Na sequência, acompanha-se a intimidade da leitora de tarô Christine (Calista Flockhart), da escritora de livros infantis Rose (Kathy Baker), da professora cega Carol (Cameron Diaz) e da policial Kathy (Amy Brenneman). Aos poucos, suas trajetórias vão se cruzando e, ao final, o que parecia um festival de curtas-metragens converge para um retrato multifacetado da vida afetiva de quem vive este início de milênio.