Porta-voz do novo, a banda inglesa Radiohead tem conseguido abalar qualquer opinião pré ou pós-consumada sobre o que vem se fazendo em rock, pop, música eletrônica ou o que seja. Com seu quarto álbum Kid a, de 2000, o grupo pegou de surpresa os desavisados lançando um trabalho estranhíssimo, mas de bases e criatividade totalmente contemporâneas, para não dizer além de seu tempo. Assustou até mesmo os fãs que, no final dos anos 90, através do álbum Ok computer, alçaram o conjunto ao posto de melhor banda, melhor disco, melhor tudo. Já nessa época, Radiohead assumia a estranheza como forma de comunicação. Pensava-se que fosse uma fase. Não era. Seu recentíssimo álbum Amnesiac, cujo lançamento mundial acontece na segunda-feira 4, é ainda mais estranho. Só que resvala para o sonífero. Na comparação com Kid a, perde em pulso musical, em vitalidade. Mesmo assim permanece o flerte com o novo e, depois de sucessivas audições, deixa a contínua sensação de que Radiohead nasceu para incitar. Mas o exercício conclusivo é árduo.