Celebridade no meio musical do Rio de Janeiro dos anos 40, o compositor, maestro, multiinstrumentista, arranjador e professor pernambucano Moacir Santos acaba de ganhar uma homenagem que o redime do peso do esquecimento no seu país natal. Com 75 anos, a serem completados em julho, morando na Califórnia e cerceado pelas limitações de um derrame, ele pôde ver sua obra resgatada no disco-tributo Moacir Santos, ouro negro. É um CD duplo com 28 faixas nas quais os milionários do talento na música instrumental tocam ao lado de vozes como Milton Nascimento, Ed Motta e Djavan. Trata-se de um profundo apanhado do trabalho de Moacir Santos, que também compôs para cinema, assinando, entre outras trilhas, as de Ganga Zumba, Os fuzis e O beijo. Sofisticado nas harmonias, Santos conseguiu unir o ritmo das gafieiras com o glamour das grandes orquestras, a sofisticação do jazz e todo o balanço dos ritmos brasileiros. Historicamente ansioso por produzir suas músicas com a “catalogação erudita”, recorreu ao bom humor e começou a batizar assim suas canções. Vieram Coisa nº 5 – Nanã, Coisa nº 6, Coisa nº 8. Seu disco mais incensado chama-se Coisas. Data dos anos 60 e até hoje causa arrepios de prazer nos puristas do som. Para quem não o conhece, mais um motivo para, a partir de agora, prestar atenção na música afro-brasileira-internacional de Moacir Santos.