Sambas-enredos de forte conteúdo social marcaram a década de 1960. A escola Tupy de Brás de Pina subiu para o Primeiro Grupo em 1961, com o antológico “Seca no Nordeste” (“no auge do desespero/uns se revoltam contra Deus/outros rezam com fervor/nosso gado está sedento”). Em 1962, a Mangueira de Cartola desfilou o samba “Casa Grande e Senzala” puxado por Jamelão, homenageando Gilberto Freyre. Um ano depois o Salgueiro deixa o asfalto encharcado de suor e emoção com “Xica da Silva”. A responsável pela revolucionária ala do minueto do Salgueiro nesse desfile foi Mercedes Baptista – ela mesma, a bailarina clássica e negra – aliás, a primeira bailarina negra da história do então elitista Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em meados dos anos 1940. Mercedes morreu na terça-feira 19, aos 93 anos, de diabetes. Estava num asilo. Na cadeira de rodas, mexia o corpo quando enfermeiras cantavam e batucavam.