Nos anos 90, os decoradores ensinaram a colorir as casas por dentro e por fora, abusaram de texturas e pinturas especiais. Quando os seguidores da moda já estavam vivendo num arco-íris, eles ditaram a onda clean: paredes brancas, cores pastel, estofados encapados em algodão cru, fáceis de lavar, práticos e… apáticos. Parece que esse cenário está mudando outra vez.

Os eventos 9ª Mostra Artefacto e Casa Cor 2000, este último com estréia marcada para a próxima quinta-feira, ambos em São Paulo, apresentam novidades. Este ano, tudo indica, uma das surpresas promete ser o trabalho da artista plástica Gina Elimelek, 39 anos. Por quase 20 anos, Gina trabalhou com moda. Há um ano, porém, em parceria com o marido e arquiteto Eduardo Oliveira, ela descobriu uma técnica de impressão revolucionária, pelo menos no mercado de decoração. Com um maquinário de última geração, capaz de imprimir digitalmente grandes formatos, o casal começou a aplicar suas boas idéias em casas. Por exemplo, na Mostra Artefacto, Gina bolou um painel de seis metros quadrados, onde reproduz a foto de um beijo cinematográfico de Elizabeth Taylor e Montgomery Cliff. O decorador Jorge Elias colocou a foto enorme impressa em tecido numa parede do seu espaço. Os visitantes estacionam diante da fotografia. Elias não tem ciúmes: “O trabalho de Gina é fabuloso. Pedi algo parecido com essa foto. Ela fez melhor”, elogia. Num outro ambiente da Artefacto, assinado pela trinca Fernando Azevedo, Carmen Mansor e Tiza Kann, a artista imprimiu em papel adesivo uma zebra gigantesca que cobre todas as paredes. Já para o loft de Roberto Cimino e Ricardo Scheibel, ela imprimiu um trabalho do artista plástico Jean-Michel Basquiat (1960-1988) numa espécie de biombo em preto-e-branco. Gina viaja em suas criações: “Trabalho no computador e depois imprimo em vidro, papel, tecido, azulejo, enfim, em vários materiais. O resultado surpreende sempre.”

Foto: Divulgação

Na Artefacto e a estampa de sofá que Leo Chertmann vai usar em seu espaço na Casa Corl

Assim, Gina faz um jogo de lençol com a estampa do ator Brad Pitt, reveste uma geladeira com papel adesivo mostrando dezenas de pinguins, reproduz fotos ou obras de arte em portas, janelas, almofadas, azulejos. A gerente comercial da Artefacto, Mônica Galvani, não tem dúvida. “Se ela arrasou aqui, imagina o que não vai acontecer na Casa Cor”, aposta.

Na Casa Cor 2000, o trabalho da artista estará presente em cinco espaços. Num deles, o decorador Leo Chertmann lançará um tecido diferente para cobrir um sofá: uma mulher em preto-e-branco no encosto e flores laranja e vermelha no assento e braços. Outras surpresas estarão espalhadas pelo evento. “Os decoradores acreditam no meu trabalho e deixam a imaginação voar. Chega de caretice”, diz Gina.