A visita do presidente da República ao Estado de Tocantins nesta sexta-feira foi acompanhada de forte esquema de proteção. Dispositivos de segurança fazem parte do cargo, e raros são os chefes de Estado que os dispensam. Mas os recentes incidentes envolvendo o ministro da Saúde, José Serra, e o governador Mário Covas, atingidos por um ovo e um mastro de bandeira, quase provocaram o cancelamento da viagem presidencial.

A convivência no chamado estado democrático costuma proporcionar situações de desconforto aos chefes de Estado. Em 1990, por exemplo, após a reunificação das duas Alemanhas, o chanceler Helmut Kohl viajou à cidade de Halle, na ex-Alemanha Oriental. Cercado por manifestantes que protestavam contra o desemprego e o aumento de impostos, foi atingido por um ovo. Na pág. 28, o leitor encontrará uma galeria de homens públicos alvejados por ovos e tortas no mundo todo. Na pág. 26, o editor Andrei Meireles, da sucursal de Brasília, relata as angústias do governo diante do crescente número de manifestações contra a política econômica. E, é bom que se diga, apesar do desconforto inevitável dos estadistas e políticos atingidos lá e cá, não há num ovo ou numa torta potência suficiente para abalar a segurança nacional.