Uma insólita aliança entre o presidente dos EUA, Bill Clinton, e as forças do Congresso que tentaram derrubá-lo há dois anos por causa do affair Monica Lewinsky permitiu, nesta quarta-feira 24, a aprovação da lei de Relações Comerciais Normais e Permanentes (PNTR, em inglês) com a China. Foram 237 votos contra 197 na Câmara dos Representantes, dos quais apenas 73 deputados do Partido Democrata (de Clinton) se juntaram aos 164 do Partido Republicano para aprovar o projeto do Executivo, que representa o primeiro passo para a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Vitória de Clinton, para quem o acordo será um instrumento de liberalização política da China, e de parte do empresariado, que vislumbra bons negócios. “Não se pode virar as costas para um mercado de um bilhão de pessoas”, disse o republicano Bill Archer. Já para os democratas, essa lei dará aval à violação de direitos humanos pelo regime comunista, além de representar uma séria ameaça aos empregos nos EUA. Segundo cálculos dos sindicatos americanos, a utilização de mão-de-obra barata chinesa deve provocar, num futuro próximo, a perda de 800 mil postos de trabalhos.

O acordo dá aos chineses acesso ao mercado americano sob as mesmas tarifas baixas concedidas a vários países. Por outro lado, prevê a redução das alíquotas chinesas de importação – de 24% para 9% até 2005. A China também deixará de cobrar tarifas para computadores e abrirá seu mercado para bancos e seguradoras. “Com nossos produtos, também exportaremos à China os grandes bens americanos da liberdade de oportunidade e da liberdade política”, disse Archer. Muitos, porém, lembraram que o livre comércio produz riquezas, mas não traz necessariamente liberdade política, como mostrou o Chile de Pinochet.