Ela foi a mulher mais poderosa da República, quando ocupou o cargo de ministra da Economia no Governo Collor. Mas, desde quinta-feira 25, Zélia Cardoso de Mello corre o risco de passar um bom tempo atrás das grades. A ex-ministra foi condenada pelo juiz Marcos Vinícios Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, a 13 anos e quatro meses de prisão, por crime de corrupção passiva. Por enquanto, Zélia ainda pode ficar tranquila. Seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, já prepara um recurso ao Tribunal Regional Federal contra a sentença. Segundo ele, o juiz ignorou as alegações da defesa, acolhendo a versão da acusação.

A ex-ministra, que mora em Nova York com os filhos, disse ter recebido com tristeza a notícia da condenação. “O processo é farto em provas a meu favor”, acredita. Zélia foi denunciada pelo Ministério Público Federal por receber dinheiro do setor de transporte, através do Esquema PC. Em troca, em pleno congelamento de preços, autorizara aumentos das tarifas dos ônibus interestaduais e internacionais. O juiz, na sentença, afirma que foram encontrados depósitos da Associação Nacional das Empresas de Transporte Coletivo Interestadual e Internacional (Rodonal) nas contas de PC Farias, ex-tesoureiro de Collor. Desse dinheiro, parte foi para Zélia através de depósitos fantasmas, sendo dois deles na sua própria conta. Ela usou o dinheiro para despesas pessoais e para reformar sua casa. Em sua defesa, alegou que o dinheiro viera de um empréstimo feito por um parente, da venda de um relógio de ouro e de obras de arte. O juiz condenou a ex-ministra à pena máxima de seis anos, acrescida de um terço por exercer função pública na época e mais dois terços porque usufruiu de dinheiro ilícito durante quase um ano.


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