Já se sabia da ligação de Paulo Henrique Cardoso, filho do presidente da República, e de Rubens Medina, deputado do PFL do Rio de Janeiro, com o esquema de participação do Brasil na Expo 2000 de Hannover. A novidade é a presença de Ricardo Dalcanale Bornhausen e Fernanda Bornhausen, ele sobrinho e ela filha do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, através da empresa Artplan Prime, de Santa Catarina, contratada para prestar “serviços de publicidade” no Exterior. O senador é tido como padrinho político do ex-ministro do Esporte e Turismo Rafael Greca e há quem vincule a demora da demissão deste ao suposto interesse em evitar alarde sobre a presença de tantas famílias poderosas em torno do caixa de R$ 14,1 milhões destinados à participação brasileira no evento. Em Hannover o governo bancou um megaestande de três mil metros quadrados para comemorar os 500 anos do Descobrimento – com inauguração marcada para 1º de junho. Parte do dinheiro saiu pela Fundação Universidade Federal do Paraná (Funpar), do Estado de Greca. Mas a maior parte da conta está sendo paga pela Embratur, ligada ao Ministério do Esporte.

O Ministério Público acha que o pavilhão milionário acabou nas mãos do seleto grupo de forma tortuosa. O procurador da República, Luiz Francisco Fernandes de Souza, acha que o contrato principal da participação brasileira na feira “é ilícito” e vai pedir sua anulação. Segundo Souza, a montagem, desmontagem e todos os serviços do estande foram entregues, em fevereiro, pela Embratur à Artplan Prime, com base em um contrato já existente para a “prestação de serviços de publicidade” no Exterior. No entender do procurador, a agência de publicidade não estava credenciada para assumir outros serviços, além de filmes publicitários. A Artplan Prime manejou uma verba de R$ 14,1 milhões para levantar paredes, contratar artistas e fazer compras. Para os donos da agência, os serviços extras não extrapolam o contrato. “Não há irregularidade”, garante Ricardo Bornhausen.

Foto: Renato Velasco

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A Embratur põe a culpa no ex-ministro Greca. “Ele ficou um ano discutindo com o Itamaraty e só quando chegou em fevereiro percebeu que não tinha ninguém para montar o pavilhão. Foi irresponsabilidade”, afirma o presidente da Embratur, Caio Luiz de Carvalho. Para o procurador, houve desvio de finalidade. Ele investigará o “festival” de subcontratações feitas pela Artplan Prime. Por exemplo, com a Evidência, sediada em Lisboa, onde Jorge Bornhausen serviu como embaixador.

O Comissariado-Geral do Brasil para a Expo 2000, que organizou o evento, é formado por representantes de quatro ministérios e por Paulo Henrique Cardoso, filho do presidente Fernando Henrique. O projeto do pavilhão ficou a cargo da diretora teatral Bia Lessa, uma amiga da família Cardoso contratada por R$ 580 mil e com despesas pagas pela Funpar.