Famoso como jurista, parlamentar e diplomata, o eclético Rui Barbosa (1849-1923) também brilhou como ensaísta e orador. Na hora de se definir, no entanto, ele se apegava às raízes: “Jornalista é que eu nasci, jornalista é o que sou.” A atividade, que começou a exercer ainda nos tempos da faculdade de direito, o acompanhou por toda a vida, com memoráveis passagens no comando de jornais e como articulista no Exterior. Conhecimento de causa, portanto, foi o que não lhe faltou quando, aos 71 anos, escreveu a conferência A imprensa e o dever da verdade, cuja atualidade pode ser conferida em sua mais recente edição (Editora Papagaio, 128 págs., R$ 15).

A obra, que traça amplo panorama de época, contém uma contundente defesa da liberdade de imprensa e do compromisso com a verdade. Para Rui Barbosa, “a imprensa é a vista da nação”, já que por meio dela é que a população enxerga os fatos, desvenda tramas e se previne contra as ameaças.

“Nada mais útil às nações do que a imprensa na lisura de sua missão”, comenta. “Nada mais nefasto do que ela mesma na transposição de seu papel.”

Com prefácio do advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, um dos grandes especialistas em imprensa do Brasil contemporâneo, a conferência foi publicada pela primeira vez em 1920. Tinha como objetivo gerar renda para uma entidade que cuidava de crianças e adolescentes, o Abrigo dos Filhos do Povo, de Salvador, terra natal de Rui Barbosa. Virou um clássico do jornalismo nacional.