Quando o trânsito pára, as pessoas costumam passar o tempo no carro lendo jornal, ouvindo toda a coleção de CDs ou batendo papo pelo celular. Mas tem gente aproveitando para paquerar. Na cidade de São Paulo, com 3,2 milhões de veículos nas ruas, já existe até website estimulando encontros de casais motorizados. Ignorando o medo de assalto ou o receio de ouvir um não, homens e mulheres a caminho de casa, do trabalho ou da balada se entregam à azaração. Dono de uma picape S10, o comerciante Maurício da Costa Vaz, 25 anos, já conheceu quatro garotas entre um cruzamento e outro. “Quando paro no sinal, olho todos os carros para ver onde tem mulher”, conta. “Abro o vidro, aceno ou ligo o pisca-alerta. É tudo rápido e não insisto: se quer, quer, se não, parto para outra.” Com essa disposição, ele coleciona cantadas. Mas continua solteiro. “Quem está a fim de algo sério nem abre o vidro.”

O publicitário Fernando Cavalcante, 26 anos, teve mais sorte. Ao emparelhar com o carro de Débora Carvalho, 24, num dos 4,5 mil semáforos de São Paulo, resolveu provocar: “Nossa! Que mulher maravilhosa! As pessoas devem morrer de inveja.” Atrasada para uma reunião, Débora se zangou: “Seu grosso!” Metros adiante, Fernando notou um adesivo do curso de Arquitetura no vidro da moça e perguntou sobre a faculdade. Hoje, eles comemoram sete meses de romance. “Achei-a linda. Se uma oportunidade dessa aparece, tem de agarrar”, aconselha Fernando.

Com o casal Paulo Barba Barroco, 31 anos, e Vera Martins, 37, São Cristóvão, protetor dos motoristas, trabalhou dobrado. Num engarrafamento em Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, Vera, então entregadora de pizzas, ultrapassou Paulo numa Fiorino. Encantado, o comerciante fez uma manobra e a seguiu até o local da entrega. No dia seguinte, encomendou uma pizza de escarola com mussarela em sua casa. Depois de muita entrega a domicílio, eles viraram namorados. Para dar trabalho ao santo, brigaram e Vera foi morar na Bahia. Um ano depois, Paulo topou com a ex, dirigindo uma Towner, na mesma Vila Madalena. “Fui atrás e hoje estamos casados”, conta Paulo. Pegando carona, a empresa paulistana Inteli Web criou o site Chapamania. Basta anotar a placa do carro e avisar ao motorista que irá deixar um recado no endereço www.chapamania.com.br. O site está no ar há um mês e meio e, garante a Inteli, recebe seis mil acessos diários e 200 mil mensagens. No próximo sinal, não esqueça de olhar para os lados.


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