Na mesma semana em que os três presidenciáveis se submeteram a uma sabatina na Confederação Nacional da Agricultura, o Brasil obteve uma conquista histórica para o agronegócio. O mercado russo, um dos maiores do mundo, e que ainda era fechado às exportações
de proteína animal brasileira, decidiu escancarar suas portas e porteiras aos produtos nacionais.

Nada disso se deve à generosidade do governo de Vladimir Putin, mas, sim, a uma nova ordem geopolítica internacional que emerge a olhos nus e que se acelerou de um mês para cá. Primeiro, a cúpula dos BRICs, em Fortaleza, reforçou as afinidades entre Brasil, Rússia, Índia e China. Depois, o cerco do Ocidente à Rússia, desde a queda do avião malaio na fronteira com a Ucrânia, abriu uma oportunidade. Às sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia contra a Rússia, Putin respondeu também com sanções na área alimentar.

Resultado: a Rússia, que importa US$ 40 bilhões ao ano em alimentos, dos quais apenas US$ 2,7 bilhões das fazendas e agroindústrias nacionais, decidiu banir compras dos Estados Unidos e da Europa, elegendo o Brasil como seu parceiro prioritário.

Para o Ministério da Agricultura, trata-se de uma “revolução”, segundo disse o secretário de Política Agrícola, Seneri Paludo. E representantes de entidades como a Associação Brasileira de Proteína Animal apontam que o Brasil tem plenas condições de suprir rapidamente toda a demanda russa. Só na avicultura, os Estados Unidos perderão vendas de mais de US$ 300 milhões, que serão substituídas por carnes brasileiras. Ao todo, os americanos perderão mais de US$ 600 milhões, ao lado de outros países fortemente afetados, como Noruega (US$ 1,1 bilhão), Espanha (US$ 800 milhões) e Alemanha (US$ 650 milhões).

Guerras comerciais, motivadas por questões políticas, costumam ser insanas e irracionais.

Mas o Brasil, que não tem nada a ver com isso e é apenas um ator que se fortalece na cena internacional, tem o dever de aproveitar a oportunidade.
 

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