Bernie Ecclestone está livre das acusações de suborno e de outros crimes que poderiam levá-lo à prisão por até dez anos. Após a decisão do Tribunal de Munique de encerrar o caso do chefão da Fórmula 1 com um acordo de pagamento de US$ 100 milhões à Justiça alemã, vieram as críticas de que o dirigente inglês de 83 anos teria comprado a liberdade.

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Em entrevista exclusiva a esta coluna, Ecclestone afirma que não foi condenado pelas leis alemãs. Pelas leis brasileiras, segundo advogados consultados, a pena pecuniária é uma forma de condenação que tira a primariedade do réu. É tida como uma reparação financeira que substitui, quando possível, a pena da prisão pela pena do pagamento. Mas Ecclestone rebate a polêmica: “O pagamento é normal e por lei, na Alemanha, se a pessoa é absolvida”. Ele explica que o julgamento custou caro ao tribunal e que o valor foi baseado no seu patrimônio. Casado com a brasileira Fabiana Ecclestone, que celebrou a decisão dentro do tribunal enviando e-mails a amigos do Brasil, ele planeja retornar em breve a São Paulo, onde sua mulher tem uma fazenda de café no interior do Estado. “Volto ao Brasil para trabalhar e encontrar amigos. Vejo você em breve”, despede-se o big boss da F 1.

ISTOÉ – Por que uma pessoa inocente precisa pagar US$ 100 milhões à Justiça? O que você fez que, afinal, custou tão caro?
Bernie Ecclestone –
O pagamento é normal e por lei, na Alemanha, se a pessoa é absolvida. Foi caro para o tribunal. Vinte e um dias e mais de 30 testemunhas. O pagamento leva em consideração a riqueza da pessoa.

ISTOÉ – Qual foi a sua sensação depois do encerramento dessa batalha judicial?
Ecclestone –
No meu caso, eu estava tentando limpar o meu nome, buscando a verdade, que está comigo. O encerramento do caso foi realizado pelo juiz em um comunicado ao tribunal, que incluía jornalistas presentes.

ISTOÉ – O que você diria aos que apontam o pagamento de US$ 100 milhões como uma compra imoral da sua liberdade?
Ecclestone –
Não tive que comprar a liberdade porque não fui condenado. Eu era suspeito junto com outras cinco pessoas (ele foi acusado de pagar US$ 44 milhões a um banqueiro alemão a título de suborno). De acordo com o tribunal, um caso muito complicado. Achavam que se o caso tivesse continuado por mais três meses eu teria sido absolvido.

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ISTOÉ – Mas você tinha certeza de que o juiz daria a absolvição? Temeu ser condenado e ir para a prisão?
Ecclestone –
Não, eu não estava certo. Era o juiz que tinha que decidir se acreditava na tese da acusação ou na minha.

ISTOÉ – Você sempre declarou sua inocência. O que de fato aconteceu para receber a acusação de suborno?
Ecclestone – 
Isso levou 21 dias no tribunal para eu responder.

ISTOÉ – O que aprendeu com a experiência?
Ecclestone –
Lutar por seu direito.

ISTOÉ – O que não faria novamente?
Ecclestone –
Eu, como sempre, continuarei a realizar negócios de forma justa e honesta.

ISTOÉ – O que pretende fazer agora?
Ecclestone –
Trabalhar duro para recuperar o atraso com os dias que perdi.

ISTOÉ – Você foi afastado da Fórmula 1. Quais são os novos projetos? Você, afinal, nunca deixou a F 1?
Ecclestone –
Estou em meu escritório quatro dias por semana, incluindo sábados e domingos, exceto quando estou em uma corrida de Fórmula 1. Portanto, nenhuma mudança. Negócios como de costume.

ISTOÉ – Por que o Brasil não forma mais campeões de F 1?
Ecclestone –
Talvez as novas gerações não estejam preparadas para desistir de um estilo de vida atual e, assim, tornarem-se pilotos como foram Senna, Piquet e Fittipaldi. Ou seja, se dedicar para superar qualquer coisa que esteja no caminho e atingir os objetivos.

ISTOÉ – Existem pilotos brasileiros em quem você aposta?
Ecclestone –
Existem. Eles precisam de apoio comercial e esforço. Me parece que Felipe Nasr (terceiro piloto da Williams) tem um futuro.

ISTOÉ – Que medidas pretende tomar para que o automobilismo brasileiro volte ao topo?
Ecclestone –
Não é muito fácil de responder, mas eu estou tentando.

ISTOÉ – Quais são os caminhos para a F 1 manter o status de principal categoria do automoblismo?
Ecclestone –
Há mudanças no esporte. Só precisamos ver o que é bom para a Fórmula 1 e seus apoiadores.


ISTOÉ – A F 1 tem expandido seu mercado para países emergentes. Por que isso é tão importante?
Ecclestone –
A F 1 é um campeonato do mundo.

ISTOÉ – De agora em diante, como aproveitará a vida?
Ecclestone –
Eu me divirto fazendo o que faço e apoiando Fabiana com sua fazenda Celebrity Coffee (uma fazenda de café no Estado de São Paulo). 


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