Consagrada por encenar alguns dos maiores melodramas do teatro mundial, como “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, e “Anna Bolena”, de Gaetano Donizetti, a Metropolitan Opera de Nova York protagoniza agora um colapso financeiro com ares dramáticos. Pelo segundo ano consecutivo, a prestigiada companhia teatral deve registrar um déficit que beira os US$ 3 milhões. A redução de doações mais a queda na bilheteria e os custos cada vez mais altos das produções seriam as causas desse descompasso. Para tentar sanar o rombo, Peter Gelb, diretor da instituição, sugeriu cortes em salários e benefícios dos mais de dois mil funcionários, medida que o elevou ao posto de vilão da vez – 15 sindicatos que representam os trabalhadores da Met Opera não concordam com a proposta e o acusam de má gestão. Caso o imbróglio não seja solucionado nos próximos dias, a companhia pode fechar as portas por tempo indeterminado.

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OPULÊNCIA
OCampo de papoulas de seda para a peça "Príncipe Igor" custou mais de US$ 165 mil

Em defesa de Gelb, dados apontam que dois terços do orçamento da entidade, cerca de US$ 211 milhões, são comprometidos com o pagamento dos funcionários. O salário de um integrante do coral, por exemplo, pode chegar a US$ 200 mil por ano. Os trabalhadores, por sua vez, afirmam que a instabilidade financeira atual é resultado de más escolhas de Gelb, que está há nove anos no cargo, e foi o responsável por transmitir as óperas da Met, ao vivo e em alta definição, para salas de cinema no mundo todo, incluindo o Brasil. Apesar do sucesso dessa iniciativa, que já conquistou mais de 14 milhões de espectadores ao redor do globo, outras ideias não tiveram o mesmo êxito, como a construção de um campo de papoulas de seda para a peça “Príncipe Igor”, do compositor russo Alexander Borodin. Só este cenário custou mais de US$ 165 mil e a baixa procura por ingressos não teria justificado o gasto.

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APELO
Funcionários pedem o não fechamento da Met Opera

Mais do que um colapso financeiro, o drama nos bastidores da maior instituição de artes cênicas dos EUA é sinal de uma crise conceitual na arte, na opinião de Soledad Galhardo, do curso de pós-graduação em gestão cultural do Centro Universitário Senac, de São Paulo. “Assistimos ao fim da hegemonia das companhias monumentais de espetáculos e à ascensão de uma arte menos pomposa e mais acessível”, acredita. 

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