Após cinco meses de um julgamento marcado por um enredo novelesco, o corredor sul-africano amputado Oscar Pistorius, 27 anos, que confessou ter matado a tiros sua namorada, Reeva Steenkamp, 30 anos, em fevereiro de 2013, deverá conhecer seu destino nos próximos dias. Na semana passada, a promotoria e a defesa apresentaram seus argumentos finais no tribunal de Pretória, na África do Sul. Na quinta-feira 7, o promotor Gerrie Nel acusou o atleta de mentir durante o processo e disse que ele disparou contra sua companheira através de uma porta depois de uma briga entre os dois. No dia seguinte, o advogado Barry Roux afirmou que o esportista não sabia que a namorada estava atrás da porta e atirou pensando se tratar de alguém que invadira a casa. A decisão final deverá ser tomada no dia 11 de setembro pela juíza Thokozile Masipa, 66 anos, que também se tornou uma estrela do midiático julgamento.

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NA CORTE
Masipa tem um histórico de punições duras em casos de violência
contra mulheres. Pistorius alega que confundiu Reeva com um intruso

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Negra, a magistrada nasceu na época em que o apartheid começava a vigorar na África do Sul e cresceu na comunidade pobre de Soweto, uma das mais oprimidas pelo governo local – e onde uma série de protestos contra o regime racista estourou em 1976. Um ano depois, Masipa, então jornalista, foi parar na cadeia por participar de uma manifestação que pedia a soltura de repórteres negros presos no período. Passou uma noite até ser liberada. Em 1990, quatro anos antes do fim do apartheid, Masipa formou-se em direito. Desde 1998 ocupa o cargo no qual está hoje.

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Diferentemente do Brasil, a África do Sul não tem tribunal do júri em casos de homicídio. Uma vez proferida a sentença, os envolvidos poderão apelar da decisão para um tribunal superior de juízes. Até lá, no entanto, o destino de Pistorius caberá apenas a Masipa, que terá o auxílio de dois assessores para chegar a uma conclusão. A juíza tem um histórico de punições duras em casos de violência contra mulheres – já condenou vários estupradores à prisão perpétua, assim como um policial que matou a esposa em 2009. “O juiz não tem como fugir de sua história de vida. E isso influencia na forma como ele vai enxergar o caso”, diz Thiago Bottino, professor de direito penal da Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro. Na maioria dos casos, porém, prisioneiros por toda a vida ganham liberdade condicional após 25 anos na cadeia.

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Foto: Siphine Sibeko/AP Photo


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