Em vez de comemorar o Dia do Trabalho com elogios ao governo e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as centrais sindicais deveriam olhar primeiro para a Europa. O desemprego caiu em março para 7,2% na zona do euro, que reúne 13 países, entre eles a Alemanha, a França, a Itália e a Espanha. É o menor índice desde 1993. Nos 27 países da União Européia, a taxa foi de 7,3%. Um ano atrás, ambas estavam em 8,2%. Na Alemanha, o indicador chegou a 7%. Na Espanha, que antes da União Européia chegou a ter 25% de desempregados, a taxa ficou em 8,3%. Na França, 8,7%. É um fenômeno significativo, especialmente para Alemanha e França, que historicamente tiveram crises sociais e políticas agravadas pelo desemprego.

Mostra que, mesmo com a globalização e a concorrência de países asiáticos, a Europa derrubou fronteiras, criou a moeda única e está conseguindo avançar na geração de postos de trabalho. Não se trata simplesmente de comparar alternativas, mas de manter a discussão viva e encontrar soluções. Na França, os candidatos a presidente Nicolas Sarkozy e Ségolène Royal duelam com paixão sobre a semana de 35 horas.

Enquanto isso, no Brasil, o desemprego cresce e ninguém fala nada. Segundo o IBGE, a taxa ficou em 10,1% em março em seis regiões metropolitanas. De acordo com o Dieese, bateu em 16,6%. Isso, mesmo com o aumento do emprego com carteira assinada e empregos formais. Onde foi parar o debate sobre o emprego no Brasil? Ninguém sabe, ninguém viu. As centrais, com dois ministros em Brasília – Luiz Marinho (CUT) na Previdência e Carlos Lupi (Força Sindical) no Trabalho –, recebem fundos oficiais e não têm do que reclamar. Crescimento econômico, desoneração da folha de pagamentos, incentivos aos investimentos produtivos – nada disso interessa mais. Lamentável.