Nos anos 90, elas investiram maciçamente na música, empunharam todos os instrumentos roqueiros e multiplicaram-se num universo tipicamente masculino. Entre os grandes destaques do rock de saias, o grupo britânico Elastica ajudou a formar o oásis sonoro no meio daquela que ficou registrada como a década musical mais insípida. Com uma sonoridade ovulada, pesada sem ser ensurdecedora, a banda lançou em 1995 o inventivo Elastica, seu álbum de estréia. Agora, cinco anos depois, em The menace – que saiu no Exterior no final de 2000 –, a líder Justine Frischmann, vocalista, guitarrista e principal letrista, ampliou o campo masculino de atuação. Além de Justin Welch na bateria, que integra a formação original, acrescentou os tecladistas Dave Bush e Mew e na guitarra colocou Paul Jones no lugar de Donna Matthews. A banda completa-se com Annie Holland no baixo.

Não se pode exatamente dizer que, com a adição de mais homens, o som do Elastica tenha se masculinizado, embora o clube do Bolinha esteja em maioria. Mas a testosterona é evidente na maneira de conduzir as guitarras e fazer as programações eletrônicas, que antes entravam como adendo e hoje são ponto fundamental de integração. O melhor exemplo fica com Love like ours na qual, sobre a intensa massa sonora, os vocais femininos soam como lobas no cio. Na faixa seguinte, KB, a sensualidade permanece no intercâmbio eletropercussivo. Mas Elastica também tem seus momentos retrô. My sex lembra as experiências de Laurie Anderson nos 80 e How he wrote Elastica man remete diretamente ao balanço new wave do final da década de 70, do grupo rei do gênero, The B-52’s. Em geral, o Elastica amaciou. Não se trata propriamente de um erro. Só que, ao determinar a atitude de se sintonizar com o som das máquinas, perdeu parte do ar combativo.