Não é cerveja nem refrigerante. Muito menos Keep Cooler, mistura de vinho com suco de fruta, que teve seu sucesso nos anos 80. Agora, a sensação fica por conta das sodas alcoólicas e dos coquetéis engarrafados, segmento de bebidas que chegou da Austrália há cerca de três anos e, desde então, tem se espalhado pelas principais lojas de conveniência, bares e casas noturnas do País. A novidade é que, neste ano, empresas nacionais começam a disputar com as importadas a primazia do mercado e, dia após dia, oferecem novas opções para o público jovem, principal consumidor do produto.

Primeiro, chegaram do novo continente a Sub Zero e a DNA. Com um visual clean e moderno, as duas sodas são originadas da fermentação de malte com substâncias cítricas, como a lima e o limão. Os vasilhames transparentes em formato long neck podem ser vistos com frequência nas mãos de rapazes e moças geralmente das classes econômicas A e B. Segundo Christian Blanco, gerente de marketing da Madasa do Brasil, importadora da Sub Zero, a categoria é destinada a pessoas que gostam de impressionar. “É para quem sai com uma garota e não quer pedir uísque ou vodca, que são muito fortes, nem algo tão popular como cerveja”, arrisca. Alberto Kachani, diretor da Alimport do Brasil, importadora da rival DNA, sugere ainda que os consumidores de seu produto são principalmente mulheres. “Elas em geral não gostam de cerveja e dão preferência à DNA, que tem o mesmo teor alcoólico e é mais gostoso.” A estudante de Moda Olívia de Arruda Botelho é um exemplo. Ela descobriu a Sub Zero no Guarujá, em julho do ano passado, e tornou-se fã da bebida. “Eu não tomo cerveja e prefiro bebidas mais fracas, como a Sub Zero, ou uísque com bastante Flash Power”, confessa.

Similares brasileiros do produto começam a aparecer. O First One repete o mesmo visual moderno das irmãs estrangeiras e foi lançado há menos de um ano pela fabricante da aguardente Velho Barreiro. O diretor-presidente da empresa, César Rosa, trouxe a idéia de investir nessa linha com olhos na renovação de seus clientes. “Os consumidores da Velho Barreiro são quase todos velhos. Queríamos conquistar os jovens, lançando um produto especialmente para eles”, afirma. Um pouco diferente das australianas, a First One é um destilado de vodca com limão, menos encorpado do que as concorrentes fermentadas.

Foto: Alan Rodrigues

Suave Benichio rendeu-se ao adocicado típico dos refrigerantes. Olívia virou fã porque gosta de bebidas fracas

A pioneira no Brasil ainda corre atrás do sucesso das importadas. “A First One tem uma saída pequena, já que o público ainda não a conhece muito bem”, tenta justificar Graziela Haddad, gerente da lanchonete Fridays, dos Jardins. “Há também alguns clientes que pedem a Sub Zero, que nós não vendemos”, completa. Por outro lado, alguns consumidores, como Thiago Benichio, não percebem grande diferença entre os produtos. Estudante de Jornalismo na PUC de São Paulo, Benichio conheceu a pioneira australiana em um evento de lançamento, há quase três anos, mas acha todas muito parecidas. “Apesar de tomar cerveja, acho que as sodas são mais fáceis de agradar, já que o amargo é substituído pelo sabor adocicado típico dos refrigerantes”, diz. O maior problema ainda fica a cargo do preço elevado (entre R$ 4 e R$ 6), o que contribui para que a cerveja continue sendo a primeira opção na maioria das geladeiras. Nesse ponto, a First One leva vantagem, já que, livre das taxas alfandegárias, pode ser encontrada por cerca de R$ 3 nas lojas de conveniência.

Outras brasileiras são quatro versões do coquetel Dushy, produzido no Rio Grande do Sul pela Fante Indústria de Bebidas. Com um visual alegre e colorido, o Dushy repete o mesmo formato long neck e oferece sabores como o Blue (curaçau e anis), o Bitt (ervas aromáticas), o Piña Colada (coco e abacaxi) e o Lima. A diferença essencial entre os coquetéis originais e os novos produtos está no gás, que faz da bebida uma combinação curiosa de drinque com refrigerante. O mesmo toque pode ser sentido na degustação dos novos MG pré-mix, trazidos da Espanha pela Alimport desde janeiro. Em formato menor, com 200 ml, os três coquetéis (Whisky & Cola, Vodka & Orange e Gin & Tónic) são ligeiramente mais fortes, com 8% de álcool, enquanto os similares ficam entre 4,5% e 5,5%, como a maioria das cervejas.