Definitivamente a grande dúvida que toma corações e mentes de analistas e políticos às vésperas de eleições está sanada: a Copa do Mundo não influencia votos por aqui – nem a favor, nem contra – e, portanto, é de bom tom que ela não seja usada como um golaço por parte do governo, muito menos como um gol contra pela oposição. Futebol e política estão notoriamente dissociados na visão do eleitor brasileiro de uns tempos para cá e por isso o impacto de derrotas ou vitórias nesse campo parece ser nulo nas urnas. A pesquisa Istoé/Sensus divulgada nesta edição foi apurada nos dias logo após o fim do evento e a variação nos percentuais dos candidatos, dentro da margem de erro, demonstra de maneira inequívoca essa separação. Os três principais candidatos a ocupar a Presidência a partir de 2015 não tiveram grandes ganhos, ou perdas, em seus percentuais na comparação dos levantamentos de junho e julho (leia matéria à pág. 36). Ao contrário, pode-se até dizer que os números ficaram quase estagnados tanto no que diz respeito ao índice de simpatizantes de cada um como no plano da rejeição. Dilma, Aécio e Campos seguem em uma disputa que continua sinalizando fortes chances de um segundo turno e a única mudança digna de nota nesse cenário, ainda pelos dados da ISTOÉ/Sensus, é a do empate técnico entre Dilma e Aécio, que ficaram, respectivamente, com 36,3% e 36,2% na preferência dos entrevistados.

Após a hecatombe da partida entre Brasil e Alemanha, o QG do Palácio do Planalto havia disparado uma operação abafa com o objetivo de desvincular a imagem do governo do mau desempenho obtido pela Seleção nos gramados, enaltecendo os aspectos positivos da realização do Mundial. Tentou assim evitar arranhões no projeto de reeleição. Os adversários políticos, por sua vez, trataram logo de lembrar que nos primeiros dias de bola rolando, quando o escrete canarinho ainda colecionava vitórias e avançava, Dilma esforçou-se para mostrar proximidade com os jogadores, enviando mensagens de congratulações, falando de seu governo como “padrão Felipão” e posando com um gesto de “é tois”, marca do artilheiro Neymar. Estrategistas dos partidos avaliam que nunca uma Copa foi tão politizada e usada como ferramenta de alavancagem de campanha. Mas na prática, em que pese ela ter sido realizada aqui, os donos dos votos disseram em alto e bom som que rejeitam essa associação. Para eles, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Pelo bem do Brasil.