Um congresso ocorrido na semana passada em Praia Grande, no litoral paulista, pode representar uma virada de página na luta dos aposentados brasileiros por um tratamento digno de quem trabalhou décadas a fio. O encontro reuniu mais de quatro mil pessoas, representantes de vários Estados, e marcou a fundação do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical.

A meta da entidade é ambiciosa: reunir em dois anos um total de dois milhões de filiados, que contribuirão mensalmente para bancar as campanhas pela melhoria da Previdência Social. A primeira bandeira, por sinal, já foi decidida: será pela unificação dos sistemas previdenciários utilizados pelos trabalhadores da iniciativa privada e do setor público. “Consideramos injusto o atual sistema de previdência e queremos que todos os trabalhadores tenham as mesmas condições de aposentadoria”, diz João Carlos Juruna Gonçalves, secretário-geral da central sindical. Uma das faces da injustiça, diz Gonçalves, são os baixos rendimentos da grande maioria: do total de 16 milhões de brasileiros aposentados, quase 12 milhões recebem mensalmente um salário mínimo. E a aposentadoria máxima, no caso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é de apenas R$ 1,2 mil.
A segunda reivindicação será uma mudança na forma como são feitas as contribuições para bancar os gastos da Previdência. Hoje empregados participam com 8% a 11% do salário e as empresas com 20% da folha de pagamentos. A reivindicação é que a contribuição provenha de uma única fonte: de um imposto sobre o consumo, que seria criado, defende a central, com a reforma tributária. “A vantagem, neste caso, é que quem gasta mais, pagaria mais, e quem gasta menos, contribuiria menos”, avalia Gonçalves. Na terça-feira 20, representantes do sindicato se encontrarão com o ministro Waldeck Ornellas, da Previdência Social, para formalizar as propostas.
A iniciativa da Força não é exclusiva. Há cerca de um mês a Central Única dos Trabalhadores (CUT) fundou o seu sindicato nacional de aposentados, hoje com dois mil filiados. Como a Força, a CUT também defende um sistema de previdência igual para todos.