Imagine-se diante de um colar que pertenceu a uma das mulheres de Napoleão. Ou de tiaras que adornaram cabeças de toda a aristocracia francesa. Essas e outras jóias maravilhosas estarão expostas no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, de 21 a 12 de julho. São peças da famosa Maison Chaumet, de Paris, a mais antiga joalheria do mundo, inaugurada no fim do século XVIII, que desembarcam pela primeira vez na América Latina. A exposição Alta joalheria francesa: Chaumet, do Império aos nossos dias reunirá 118 peças, além de 13 desenhos e quatro fotografias que contam a história da França por meio da ascensão e queda da aristocracia francesa até hoje. “Trouxe as peças mais representativas de cada época, mostrando que, desde o início do século XIX, a História da França passa pela Chaumet”, diz a curadora da exposição, Béatrice de Plinval.

Os organizadores não revelam o valor total das jóias. Uma das peças mais caras, um moderno colar feito a mão em ouro branco e diamantes para comemorar o ano 2000, vale em torno de US$ 1,6 milhão. “As peças têm valor histórico, difícil de estimar”, desconversa Béatrice. A coleção é tão valiosa que em Paris só pode ser visitada com hora marcada. Lá estão expostas mais de 700 tiaras, consideradas emblema de posição social e uma das especialidades da Maison. A exposição do Rio contará com 60 delas. A Maison Chaumet já nasceu atrelada ao poder. Seu fundador, o ourives Marie-Étienne Nitot, era o preferido de Napoleão Bonaparte e de suas duas mulheres, Joséphine e Marie-Louise. O Museu do Louvre possui algumas das jóias mais importantes desse período, como a Coroa de Charlemagne, feita para Napoleão em 1805, e o diamante Regente, de 140 quilates, incrustado por Nitot na espada consular usada na cerimônia de coroação do imperador. Como o Louvre não libera essas peças para viajar, elas serão mostradas no Brasil em fotografias, assim como uma tiara papal feita para Pio VII, da coleção do Vaticano.

O broche pierrô é obra da curadora da mostra

“Napoleão amava jóias porque serviam como sinais de poder para criar a imagem, o seu mito”, conta a curadora. Entre as jóias mais bonitas em exposição no Rio está um conjunto de colar, broches e brincos, em camafeus e pérolas, feito para Joséphine em 1811 e duas pulseiras com pedras preciosas que o imperador mandou fazer para a segunda mulher. Também são da época de Napoleão os primeiros relógios da Chaumet, hoje um must da empresa. Percebem-se as mudanças ocorridas no estilo das jóias à medida que a história avançava. Após a derrota de Napoleão em Waterloo, com a restauração da monarquia, em 1828, as jóias da Chaumet se tornaram menos rebuscadas, adquirindo ares mais naturalistas, inspiradas em folhas e penas, por exemplo. Tudo porque a família real não tinha mais a necessidade de se afirmar por meio de jóias suntuosas. Já na segunda metade do século XIX, a Chaumet caiu no gosto da aristocrática família Rothschild e do escritor Honoré de Balzac. Hoje é também a marca predileta de princesas árabes e de novos ricos, como jovens esportistas e empresários que, tal qual Napoleão, tomam emprestado um pouco do prestígio da tradicional joalheria.


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