hélcio nagamine

R$ 2,2bilhões Foi o valor pago pelo Carrefour pela Rede Atacadão.
“É a nossa maior aquisição desde 1999”, comemora Pueyo,
o presidente do grupo de supermercados

O otimismo dos investidores estrangeiros no mercado brasileiro começa a dar mostras de que, desta vez, poderá não ser passageiro como em outros momentos. Os números parecem indicar essa mudança. Em março, os investimentos externos no País somaram US$ 2,8 bilhões. O valor supera em 70,5% os números de março de 2006. O total acumulado no trimestre é de US$ 6,578 bilhões. E essa conta deverá ficar mais recheada. Na última semana, três negociações envolvendo empresas brasileiras movimentaram um valor próximo a nada menos que R$ 6 bilhões.

Na primeira delas, o grupo Carrefour realizou uma das maiores operações já vistas no setor de varejo do Brasil. Adquiriu a Rede Atacadão (com 34 lojas) por R$ 2,2 bilhões. “É a aquisição mais importante do Carrefour desde que incorporou o Promodes, na França, em 1999”, afirmou o diretor-presidente do grupo no Brasil, Jean-Marc Pueyo. Ainda no varejo, foi anunciada a venda das operações do gigante do fast-food, McDonald’s, na América Latina. A operação, estimada em US$ 700 milhões, consiste na venda das cerca de 1.600 lojas da rede na região – só no Brasil são 544. A compra, efetuada pelo empresário colombiano radicado na Argentina Woods Staton, teve a participação de ninguém menos que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. A Gávea Investimentos, empresa comandada por Fraga, entrou com recursos no negócio.

O terceiro e maior negócio envolve um montante de US$ 1,15 bilhão (cerca de R$ 2,3 bilhões) e está a cargo do ousado empresário Eike Batista: a compra de 49% da mineradora MMX Minas-Rio (da qual ele possui 70% de participação) pela segunda maior mineradora do mundo, a britânica Anglo American. O negócio já foi submetido à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o valor a ser pago à vista é de US$ 704 milhões. O restante será alcançado com a compra de novas ações de emissão da MMX.

roberto castro

O BILIONÁRIO Eike O empresário é dono de 70% da MMX, mineradora que está sendo comprada pela Anglo American

Na avaliação do economista e professor da Faculdade de Economia e Administração da USP Celso Martone, o principal atrativo para a crescente entrada de capital externo no País é, sem dúvida, o aquecimento do mercado. “Esses investimentos e grandes negócios ocorrem porque há uma expectativa de que o mercado interno continue crescendo”, explica. Para Martone, no entanto, existe um lado sombrio. “O setor externo está morto. A valorização da moeda está inviabilizando as exportações e isso pode trazer conseqüências muito ruins”, adverte.