A sucursal de ISTOÉ em Brasília programou-se para fazer duas reportagens na terça-feira, uma para a editoria de Brasil e outra para a de Economia. O repórter Ricardo Miranda e o fotógrafo Ricardo Stuckert foram ao Palácio do Planalto para a cerimônia em que, com a presença do presidente da República, foi anunciado o plano de segurança pública. Batizado de Brasil Diz Não à Violência, ele pretende ser uma resposta ao clamor da população que, indefesa, já incorporou a insegurança e o medo ao seu dia-a-dia. O trabalho dos dois Ricardos destinava-se às páginas sob responsabilidade da editoria de Brasil. No mesmo dia, horas depois do evento no Palácio do Planalto, o jornalista Eduardo Hollanda estava na sala de imprensa do Banco Central para saber das decisões tomadas no encontro do Comitê de Política Monetária com relação à taxa de juros. Os resultados dessas reuniões do Copom são aguardados hoje pelo mercado e pelo País com as mesmas sensações provocadas pelo polegar de um imperador romano no Coliseu. O trabalho de Hollanda estava destinado ao espaço ocupado pela editoria de Economia. Tales Faria, o chefe da sucursal, um carioca de 42 anos e torcedor do Flamengo, depois de ouvir os relatos dos repórteres sobre os dois anúncios da terça-feira, chegou à conclusão de que, na verdade, o pacote antiviolência não tinha sido anunciado no Palácio do Planalto, mas sim no Banco Central. Numa atitude inédita, o polegar do Copom apontou para cima indicando juros para baixo. Os estratosféricos juros brasileiros caem um ponto porcentual e sinalizam uma queda, o que é chamado no Banco Central de viés de baixa. E o que seriam duas reportagens distintas viraram uma só. E nela, na página 26 deste número, pode-se ler que a opinião de Tales é a mesma de políticos de quase todos os partidos, industriais e banqueiros. Juros baixos aumentam a produção, que faz crescer o emprego, que diminui a violência