O mineiro de Itanhandu Rodrigo Scarpa, 24 anos, venceu pela insistência. De tanto ligar para o programa de rádio Pânico, da Jovem Pan paulistana, acabou sendo admitido na trupe irreverente e hoje arranca gargalhadas na pele do Repórter Vesgo, na Rede TV!. Foi também na base da insistência que ele e o parceiro Silvio Santos, vivido por Wellington Muniz, fizeram a atriz Luana Piovani calçar as detestadas “sandálias da humildade”. Em seu mal-ajambrado terno, Scarpa invade festas de famosos e debocha de artistas arroz-de-festa. O último alvo de suas abordagens desconcertantes foi a modelo Caroline Bittencourt, desafeto de Daniella Cicarelli – essa, aliás, virou vítima das perseguições do repórter, que não costuma tratar suas eleitas como cinderelas do reino da badalação diária. Filho de um açougueiro e uma dona-de-casa, Scarpa contrariou os planos da mãe, que queria que o caçula de seus três filhos fosse padre. “E olha no que deu… Mas ela é minha fã, me assiste todo domingo”, conta.

ISTOÉ – Você não é vesgo. E repórter, você é?
Rodrigo Scarpa –
Estudei rádio e TV na Faculdade Metodista.

ISTOÉ – Como você chegou ao Pânico na TV!?
Scarpa –
Sempre fui fissurado no assunto. Fazia filmes caseiros, entrevistas nas ruas lá na minha cidade. Já era um pouco do Vesgo. Ligava todo dia pro Pânico e dizia: “Aqui é o Rodrigo, de Itanhandu!” Minha mãe queria me matar porque as contas de telefone vinham altas. E eu explicava para meus pais que aquilo ia me dar futuro, que um dia iria para o rádio.

ISTOÉ – Você queria ser famoso?
Scarpa –
Não. Eu queria fazer um trabalho bacana na televisão. Quis ser locutor de rádio, mas descobri que eles ganham pouco e desisti. Comecei como estagiário na Jovem Pan. Colava adesivos nas ruas, buscava lanche para o Luciano Huck e ganhava R$ 150. Odiava fazer aquilo.

ISTOÉ – E como nasceu o Repórter Vesgo?
Scarpa –
O Pânico precisava de um repórter sério, que usasse até terno.
Mas eu não queria ser um repórter quadradão. Na minha estréia, lambi o rosto da entrevistada. Aos poucos, implantei o repórter louco. Como os artistas só iam no Gugu e no Faustão, me mandaram cobrir as festas de famosos. Eu estava nervoso com a estréia e o Emílio Surita (âncora do programa) disse: “De tão nervoso está vesgo.” Daí pegou.

ISTOÉ – Em que momento você acha que chamou a atenção?
Scarpa –
A Roberta Miranda foi um divisor de águas na minha vida. Fui cobrir
o aniversário da Luciana Gimenez e não tinha quase ninguém famoso.
Precisava fazer render. Então pedi um selinho a Roberta Miranda e ela me
tascou um beijão de 13 segundos.

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ISTOÉ – Você gosta dos outros programas de humor?
Scarpa –
Gosto do Casseta & Planeta, do Hermes e Renato e de A grande família. Gostava muito de Os normais. Não gosto do Zorra total e de A praça é nossa. São antigos, com piadas decoradas. Gosto de humor com crítica.

ISTOÉ – O Pânico na TV é crítico?
Scarpa –
Criticamos esse mundo das pseudocelebridades, dos artistas arroz-de-festa, que plantam nota no jornal. Fico indignado quando leio algo como “Joana Prado opera o dente de siso”. O que o Vesgo e o Silvio fazem é desconstruir isso (Cita o conceito-chave do filósofo francês Jacques Derrida). Criticamos também a arrogância dos artistas com as sandálias da humildade.

ISTOÉ – A perseguição do Clodovil acelerou a demissão dele…
Scarpa –
O Clodovil cavou a própria cova. Se ele tivesse calçado as sandálias,
talvez não fosse mandado embora. A casa dele não teria desabado e ele não
teria quebrado a costela (risos). As sandálias são divinas! O Clodovil é caso
perdido, arrogante mesmo.

ISTOÉ – E a Daniella Cicarelli?
Scarpa –
Acho que ela calça. Vamos colocar as sandálias na Cicarelli porque o povo quer. Mas, se eu fosse ela, teria expulsado a Caroline Bittencourt também. Ela foi ao casamento de penetra! Caso clássico de arroz-de-festa!

ISTOÉ – Quem você acha que está merecendo as sandálias?
Scarpa –
O Severino Cavalcanti. É um absurdo ele querer aumentar o salário dos deputados!

ISTOÉ – Você recebeu propostas de outras emissoras?
Scarpa –
A Marlene Mattos quis me levar para a Bandeirantes. Mas não penso em sair porque estamos num momento muito bom. Meu grande sonho é ser apresentador. Mas preciso aprender muito.

ISTOÉ – Você acompanha os índices de audiência?
Scarpa –
Sou viciado em ibope. É uma doença que o Gugu tem e que o Faustão deve ter também. Sou competitivo. Quem não quer ficar cutucando o Gugu? Televisão é guerra de audiência. Mas nunca vou explorar deficientes, usar sushis eróticos… Debochamos dessas apelações. A mulher-samambaia, por exemplo, não faz nada, só fica ali porque é gostosa. Só que a gente assume.


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