Certo dia, o empresário Diogénes Galvão, 47 anos, convidou um cliente para almoçar num tradicional restaurante de São Paulo. A refeição não foi das mais refinadas: dois cremes de lentilha, duas Coca-Colas e uma sobremesa. Já a despesa… Quando viu a conta, Galvão mandou chamar o gerente: “Você não acha que cobrar R$ 28 por dois pratos de sopa é exploração?”, questionou. “Mas e o trabalho de fazer?”, respondeu o responsável pelo estabelecimento. Revoltado, o ex-dono do Banco Investbank começou a imaginar uma forma de vender comida de qualidade a preços razoáveis. Alguns meses depois, abria a primeira loja da rede Tio Mega. Dois anos depois, uma passadinha em qualquer uma das cinco lojas da cadeia prova que o empresário está no caminho certo. No último mês, mais de 400 mil pessoas frequentaram seus restaurantes – quatro no centro da capital paulista e um no litoral. O segredo do sucesso? Simples. Coxinhas, rissoles, esfihas, pizzas, hambúrgueres, sucos e sobremesas custam R$ 0,50. Isso mesmo, R$ 0,50!

Os lanches mais “sofisticados” – o megabúrguer e o baguete natural – saem por R$ 1. Passes de ônibus e metrô são aceitos. Mas como é possível vender tão barato? “Compro em grande quantidade, pago à vista e não exploro. O meu lucro é de 4% ao mês. O problema é que o empresário brasileiro quer ganhar muito e rápido”, diz ele, sem revelar o quanto gastou no negócio.

O êxito do empreendimento começa a incomodar. Um grupo de comerciantes vizinho queria que o preço do hambúrguer fosse aumentado. Ouviram um sonoro não como resposta. A partir daí, Galvão começou a receber ameaças. “Há quem diga que eu lavo dinheiro. É duro aceitar que a gente não rouba. Meu principal objetivo é servir o povo”, diz o empresário. Duas vezes por dia, ele dá lanches para mais de 150 moradores de rua.

Um desses incomodados dever ser Ronald McDonalds, conhecido personagem da famosa rede de fast-food. Tem gente trocando Big-Macs pelos lanches do Tio Galvão. “Os preços do Mac são abusivos. Aqui é mais barato e a qualidade é a mesma”, afirma a promotora de vendas Karla Ribeiro, 26 anos, devorando um megabúrguer na companhia das colegas Cristina Auletta, 28, e Salete Batista, 25. “Só falta um na 25 de Março”, sugere Salete, referindo-se à famosa rua de comércio de São Paulo.

Calma, Salete! Galvão quer abrir mais 40 lojas em São Paulo e 30 no Rio. Certamente a 25 de Março não vai ficar fora dessa.

MEGAMANIA
(consumo semanal das cinco lojas)
40 mil hambúrgueres
3 toneladas de frango
20 mil litros de suco natural
20 mil coxinhas
25 mil croissants
700 litros de catchup