Os pés das mulheres já sofreram todas as loucuras possíveis imaginadas pelos estilistas de calçados. Embora as sapatilhas baixas tipo Chanel jamais saiam de moda, muitos saltos agulhas, por exemplo, deixaram as mulheres caminhando na corda bamba e, de quebra, encheram os cofres dos ortopedistas. Hoje, ainda bem, a moda de sapato está mais variada. Cada uma faz o estilo que quer e tem opções para vários tipos de produção.

Agora, as vitrines estão lotadas de sapatos estilo Carmem Miranda. Os modelos, anos 40, podem ser em plataforma completa ou meia-pata – sola alta e salto grosso. Um dos donos da fábrica Arezzo, Anderson Birmann, confirma a praticidade das sandálias-sapatos Carmem Miranda. “Elas são confortáveis, bonitas e podem ser usadas com calças e saias”, diz ele. Birmann lembra, entretanto, que neste inverno, além desses sapatos, as botas de cano alto voltam com tudo. E mais: “O eterno scarpin aparece agora em cores cítricas”, pontua Birmann. O empresário lembra ainda que sapatos altos sempre fizeram a cabeça – ou seriam os pés? – das brasileiras. “Elas são mais baixas do que as americanas ou as européias. Por isso, preferem saltos altos, que as deixam mais elegantes”, confirma. “Esse era o segredo de Carmem Miranda. Com apenas 1,55 m de altura, parecia um mulherão num palco”, brinca ele. Com a volta dos sapatos “Carmem”, a mulher brasileira une o útil ao agradável.

Serpui Marie, proprietária da grife paulista que leva seu nome, não é muito fã do estilo la Miranda — relançado mundialmente e com sucesso pela grife Prada. Confessa, porém, que a plataforma ou “meia-pata” é indiscutivelmente um conforto para os delicados pés femininos. “É o tipo de sapato que compensa a dor na panturrilha (barriga da perna)”, avisa Serpui. “Portanto é ideal para quem tem uma vida agitada, trabalha muito, anda demais e precisa estar sempre impecável.” Serpui alerta ainda que os sapatos “assandalhados” podem ser usados com ou sem meia fina.

No caso das moças mais ousadas, cabe até mesmo uma meia soquete, no gênero rave. Nesse caso, todo cuidado é pouco para não cair na vulgaridade. A estilista aconselha a mulher a não repetir o mesmo sapato no dia seguinte: “É importante descansar os pés. Num dia, usa-se um salto alto. No outro, um saltinho, enfim, deve-se variar para não machucar os pés.”

A cor da moda? O vermelho quase vinho implora passagem, mas, na realidade, valem todos os tons. Os terra e marrons, no entanto, parecem disparar na preferência nacional, sempre em couro, manchado (ou não) e camurça. O que importa é a plataforma. E quanto mais alta melhor. Nas nuvens, as baixinhas agradecem.