Enquanto metade de São Paulo passou a semana torcendo pelo Palmeiras e a outra metade torcendo contra, aqui na França, algumas dúzias de brasileiros passaram a semana meio que vingando a Pátria do estrago causado por Zidane dois anos atrás. Certo que o Festival Internacional de Publicidade, que aconteceu nesta semana em Cannes, na Riviera Francesa, não é a Copa do Mundo. Nem nenhum de nós, por aqui, um Rivaldo. Mas que o Brasil sempre consegue marcar gols de placa no Palais des Festivals, lá isso consegue. Logo na abertura do campeonato, ou melhor, do festival – o mais badalado da propaganda mundial e onde o Brasil chegou com o status de bicampeão, por conta dos dois títulos conquistados pela DM9DDB em 1998 e 1999 –, o Brasil conquistou o Grand Prix na competição de peças publicitárias criadas para Internet. E este foi só o primeiro golaço: depois disso, nosso time só daria alegria atrás de alegria. Fomos o país mais premiado na competição de anúncios para mídia impressa, ficando um prêmio à frente da todo-poderosa seleção inglesa. Depois, comemorando com soco no ar, ao melhor estilo artilheiro, o jurado brasileiro de casos de mídia, Paulo Queiroz, festejou os três “Leões” – o nome que por aqui dão aos nossos gols – conquistados pelo Brasil, novamente o primeiro na categoria, desta vez com um “Leão” a mais que EUA e Inglaterra, que terminaram empatados em segundo. Um verdadeiro show canarinho na terra de Zidane e companhia. Agora, voltando para casa, é hora de a seleção verde-amarela correr para o abraço dos clientes.

Mas por que se fala tanto no Brasil sobre o Festival de Publicidade de Cannes? Como diriam os franceses, “cherchez”, não a mulher mas “l’argent”: o Festival Internacional de Publicidade gera um bocado de negócios, conquista de novas contas… e dinheiro. Muito dinheiro. O Festival de Publicidade de Cannes é o maior e mais significativo evento da propaganda mundial. Já o Festival de Cinema que acontece na mesma cidade, por mais charmoso que seja, não é o número 1 do mundo, pois perde para a força arrasadora da “máquina” de divulgação dos estúdios americanos; nem, pelo menos no Brasil, causa grande impacto nas bilheterias dos cinemas. Já o festival que acaba de acontecer no Sul da França faz pela publicidade o que só o Oscar é capaz de fazer pela indústria cinematográfica: quando um anúncio, comercial ou banner para Internet ganha um “Leão”, o troféu gera muito mais que afagos no ego dos publicitários. Ele gera mais negócios para as agências, mais visibilidade para seus clientes e suas marcas e, claro, valoriza o “passe” de quem o criou. Ou você nunca notou que filme que ganha Oscar tem filas muito maiores na porta?
Jáder Rossetto, 27 anos, é um dos mais premiados publicitários da nova geração brasileira em Cannes e redator da DM9DDB.