Não basta usar calça boca-de-sino e sapato plataforma. Para completar o visual anos 70, a moçada se rendeu à moda dos cabelos lisos. Revivendo os melhores momentos do auge da discoteca, foi novamente decretada guerra aos cachos. Em danceterias e universidades de São Paulo, parece uniforme: cabelos escorridos tornaram-se complemento indispensável para botas, saias e jaquetas de couro. Muitas garotas querem ter o visual comportado de Sandy ou um pouco do charme de Jennifer Aniston, a Rachel do seriado Friends. Para isso, além da escova e dos relaxamentos à base de creme, ganharam um novo aliado: o alisamento com chapinha. Conhecido há mais de 20 anos, deixou de ser brega. Trata-se de uma prensa com duas lâminas de alumínio aquecidas a 100ºC capaz de deixar os cabelos mais escorridos.

Só em Belo Horizonte, há mais de 15 salões especializados em alisamento. Sinal dos tempos, os homens representam 10% da clientela. A técnica mais popular é a escova (R$ 15 a R$ 25), feita em meia hora com um secador de mão. Em seguida, vêm os alisamentos químicos ou relaxamentos, à base de cremes com amônia e hidróxido de sódio (R$ 60 a R$ 85). O toque final é dado pela chapinha. Utilizada após a escova diminui o volume do cabelo. Práticas, as chapinhas viraram acessório. Muitas consumidoras pagam de R$ 70 a R$ 140 para ter uma em casa – nos salões, uma única aplicação pode custar R$ 15.

Demonstrando as vantagens do produto no programa Note & Anote, a atriz Gabriela Duarte, de cabelos naturalmente lisos, conseguiu convencer até Joana Prado, a Feiticeira. Ela não dispensa uma escova antes de entrar no ar ou se apresentar em eventos. Joana leva uma chapinha na bolsa, para estar com os cabelos impecavelmente escorridos sempre que precisar. Apesar de prático, o hábito pode danificar o cabelo. A chapinha retira toda a umidade das mechas, deixando os fios retos, mas pode ressecá-los. De acordo com o cabeleireiro Celso Kamura, do salão Spettacolo, o ideal é usar a cada dez ou 15 dias. Wanderley Nunes, do salão W, diz que o alisamento é mais uma mania importada. “Como lá fora as mulheres deixaram de fazer permanente e assumiram o liso natural, as brasileiras, que têm o cabelo mais crespo, passaram a alisar”, diz. “Algumas clientes minhas, como Débora Bloch, gostam tanto que fazem alisamento em casa. Mas quem não tem prática pode triturar os fios”, alerta Nunes.
Depois de dois anos usando chapinha diariamente, a apresentadora Eliana notou os danos causados e voltou aos velhos secador e escova. A apresentadora Sabrina Parlatore, da MTV, faz o mesmo. “Eu usava chapinha todos os dias, mas tive medo de ficar com o cabelo quebradiço”, diz.

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Foto: Silvana Garzaro
   
Muita gente quer imitar o charme de Jennifer Aniston, a Rachel do seriado Friends
Até quem tem cabelos lisos, como Sabrina, se esforça para manter o penteado
Eliana desistiu da chapinha porque ressecava os cabelos, mas ainda faz escova