Disfarçados de agentes de combate à dengue, policiais de Americana, cidade a 80 quilômetros de São Paulo, entraram na mansão onde estava escondido Serginho Oliveira da Silva, o “Serginho Boy”, um dos chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização que liderou inúmeras rebeliões em presídios paulistas. No final do mês passado, uma denúncia anônima levou investigadores da Delegacia Geral de Investigação (DIG) à casa, protegida por um sofisticado sistema de segurança, composto por microcâmeras, sensores e alarmes de última geração. Desconfiado, o bandido abriu a porta para os “agentes”, mas não teve tempo de sacar a pistola calibre 9 mm que portava na cintura. Serginho, 30 anos, é autor de assaltos espetaculares a aviões que transportavam valores em Brasília e São Paulo, investidas contra carros-forte e sequestros com o uso de explosivos para intimidar os familiares das vítimas.

Na mansão, os policiais da DIG, comandados pelo delegado Cláudio Eduardo Nogueira Navarro, encontraram um arsenal de última geração, composto por armas procedentes da Romênia e da Tchecoslováquia, entre outras, capazes de abater, no ar, helicópteros ou pequenas aeronaves da polícia. Havia também uma grande quantidade de equipamentos de comunicação, além de explosivos plásticos e detonadores. Esse material específico seria montado em cintas a serem amarradas nos corpos de familiares de gerentes de bancos ou joalherias. Os artefatos, acionados por controle remoto, possuíam ainda uma microcâmera que possibilitava aos bandidos monitorar permanentemente o movimento de suas vítimas. A surpresa dos policiais não parou por aí. No subsolo da casa, encontraram uma espécie de esconderijo, muito bem camuflado e de difícil localização. “Pode ser que fosse um cativeiro para esconder pessoas sequestradas na região ou um compartimento secreto para abrigar armas, munições, explosivos ou dinheiro arrecadado nas operações de assalto”, sugere o delegado Navarro. Os policiais que o prenderam encontraram também um grande número de documentos de identidade falsos em seu poder.

“Serginho Boy” é uma peça tão importante na cadeia do crime organizado em escala nacional que após a sua prisão em Americana agentes da Polícia Federal foram até a cidade para transferi-lo para Brasília. Suas condenações somam quase 100 anos. Os investigadores acreditam que a presença do bandido na região não era casual. A partir de Americana pretendia estabelecer um quartel-general de operações do PCC, de onde seriam deslanchadas ações de envergadura para a libertação de presos em penitenciárias regionais, além de assaltos e sequestros.