A menos que existissem sinais de que algo estivesse errado, os pais não davam muita atenção à saúde visual dos filhos. Mas a situação está mudando. É cada vez maior o número de crianças levadas aos oftalmologistas por pais e mães preocupados. A constatação é da oftalmopediatra Beatriz Corrêa, da Comissão de Coordenação de Atividades Científicas da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. “Os pais estão mais informados”, afirma.

Em geral, levar os pequenos ao oftalmologista é um procedimento mais comum quando as crianças entram na pré-escola, entre os seis e sete anos. Nessa fase, eventuais problemas podem limitar o desenvolvimento. Há dificuldade para enxergar o texto da lousa, por exemplo. Para a especialista, é possível identificar doenças mais cedo. “O ideal seria a realização de exames a partir de um ano”, observa Beatriz.

Os problemas mais comuns na infância são a miopia (dificuldade em enxergar de longe), a hipermetropia (dificuldade para enxergar de perto), e o estrabismo. Para este problema, há casos que só podem ser resolvidos com óculos, mas o tratamento inclui cirurgia, que hoje pode ser feita a partir de um ano. Já a miopia e a hipermetropia são corrigidas com óculos.

Não é raro também bebês usarem óculos e até lentes de contato, em geral no pós-operatório de catarata congênita. Trata-se de uma doença em que o cristalino – lente localizada atrás da íris – fica opaco, em vez de transparente. Como a cirurgia remove o cristalino, é preciso que o bebê use óculos para enxergar. Após os quatro anos, uma lente artificial que cumpre as funções do cristalino pode ser implantada.

A preocupação com os olhos das crianças ganha tanto destaque que levou a Universidade Federal de São Paulo a criar um software para examinar a visão de alunos da rede pública de ensino. O programa, em fase de teste, avalia se a garotada está com dificuldades para enxergar. Os resultados serão enviados pela internet e avaliados por especialistas. Quem apresentar problemas será orientado a procurar atendimento.

Mas haja psicologia para convencer as crianças a usar óculos, se for preciso. E não basta o esforço de pais e médicos. Por isso, as óticas também estão caprichando nas atrações. Na loja Mundo da Criança, em Santos, em São Paulo, as vitrines são coloridas e personagens infantis, como o Mickey, usam óculos. Um dos artigos da casa são os óculos italianos cujas estruturas são maleáveis. Eles não apertam o rosto e custam R$ 220.

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Quem vai à Lunetterie Enfant, no Rio, pode tirar uma foto digital e escolher os óculos vendo sua imagem no computador. Foi o que fez Maria Clara Palheiro, quatro anos. Ela tem três graus de hipermetropia em cada olho e passou uma tarde escolhendo uma nova armação. Maria Clara brincou no computador e saiu da loja feliz como se tivesse ganhado um brinquedo. A ótica dá ênfase a modelos com armações molinhas, mais confortáveis. É o caso do modelo da linha alemã Zeiss, que custa R$ 498, e dos óculos de bebê com macias hastes de silicone, vendidos por R$ 88.


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