Em seu segundo filme, o inglês Guy Ritchie – mais conhecido como o marido de Madonna – confirma as influências exibidas em Jogos, trapaças e canos fumegantes, de 1998. Snatch – porcos e diamantes (Snatch: pigs and diamonds, Inglaterra/Estados Unidos, 2000), cartaz nacional a partir da sexta-feira 11, outra vez mistura o ritmo alucinante dos filmes de Richard Lester, estrelados pelos Beatles, com a banalização da marginalidade e os roteiros aparentemente confusos de Quentin Tarantino. Em alguma cidade da Europa, o pistoleiro americano Franky Four Fingers (Benicio Del Toro), disfarçado de rabino, rouba um diamante de 38 quilates a mando de seu chefe, o judeu nova-iorquino Avi (Dennis Farina). De passagem por Londres, onde deve deixar outras pedras, Franky, um jogador compulsivo, decide apostar em lutas ilegais de boxe sem saber que o submundo está em polvorosa devido a disputas internas. São trapaças, tiroteios e tramóias envolvendo joalheiros, empresários clandestinos de boxe, donos de lojas de penhores, pistoleiros e bookmakers, cada grupo com sua ética e vocabulário próprio.

Para complicar, a pedra some pelas graças de um cachorro malcriado. Entra em cena o lutador Mickey O’Neill – Brad Pitt, repetindo os massacres de Clube da luta –, um cigano irlandês de sotaque incompreensível, que frauda as competições segundo suas próprias regras, ignorando seus contratantes. Guy Ritchie utilizou muitas das gags deixadas de lado no seu filme de estréia, do qual também aproveitou alguns atores, como o campeão de futebol Vinnie Jones, que vem se especializando em papéis de brutamontes monossilábicos. O resultado é uma babel delirante, orquestrada à perfeição pelo empenho do elenco e da equipe, tratados pelo diretor como uma família. Dizem que Brad Pitt implorou para participar na produção de US$ 10 milhões, metade de seu cachê habitual. E, diga-se, ele sabe apanhar.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias