Aos 78 anos, quatro filhos e 12 netos, o baiano Émerson Ribeiro Oliveira, técnico de contabilidade e advogado, está realizando um de seus sonhos. Ele acaba de reunir em um só volume o extenso vocabulário associado à prática do sexo e à chamada profissão mais antiga do mundo. O Dicionário do sexo e da prostituta (Scortecci Editora, 174 págs., R$ 20) traz três mil verbetes pesquisados pelo próprio Oliveira, garimpados em mais de mil volumes. O autor acalenta a idéia do dicionário desde 1949, quando organizou a comemoração do centenário de nascimento de seu conterrâneo Ruy Barbosa na cidade paulista de Araçatuba. Numa coletânea de discursos compilada pelo genro de Barbosa, Batista Pereira, Oliveira encontrou Pornéia, uma catilinária referindo-se à casa de tolerância repleta de “afrodites mercenárias”, instalada em frente ao Supremo Tribunal Federal baiano. Com a habitual verborragia, o tribuno alinhou 38 sinônimos para a palavra prostituta em seu pronunciamento. Não satisfeito, o genro acrescentou outros 30 e Oliveira – sem o moralismo de seu predecessor – chega agora a nada menos do que 600. De arvela, que designa a meretriz alta e magra, à zabaneira, a impudica, passando por culatrão, a gorda, fúfia, a velha, hetaira, a elegante e distinta, titulada, a disfarçada, ostra, a feia, tafulona, a amante de luxo, etc. O autor, que prepara um dicionário de termos regionais, procurou tornar a leitura o menos árida possível, evitando a pornografia e citando a fonte direta. É uma leitura divertida e, muitas vezes, impressionante.