Em meio a uma Copa repleta de emoções, com grandes batalhas decididas nos instantes finais, os jogos da política não têm ficado para trás em emoção. Esta semana, por exemplo, começou com uma bola nas costas do PT e do PMDB. “Traída” pelo PTB, de Benito Gama e Roberto Jefferson, a chapa Dilma-Temer perdeu preciosos segundos do horário eleitoral gratuito, mas conseguiu reverter o placar, consolidando as alianças com partidos como Pros, PP, PSD e PR. Um 4 a 1 consistente, mas que só saiu depois de uma substituição polêmica: a do ministro dos Transportes, César Borges, que era considerado um craque pelo Palácio do Planalto, mas perdeu a posição de titular para atender à gritaria da torcida “republicana”.

Em São Paulo, Estado que sempre repercute nacionalmente, a partida também ganha emoção, com dois jogadores encenando a peça “Quem fica com José Serra?”. Enquanto o governador defende que Serra seja vice de Aécio Neves, o presidenciável tucano o empurra para a vaga no Senado do governador paulista. Alckmin pretende escalar o ex-prefeito Gilberto Kassab, fechando assim uma ampla coalizão com PSB e PSD. Aécio, por sua vez, parece não desejar um vice que teria excessiva fome de bola e estaria sempre afoito para entrar em campo. Atento a esses movimentos, o estrategista Kassab colocou no aquecimento o experiente Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central.

No Rio, a confusão é ainda maior e a disputa virou uma pelada de rua, onde ninguém sabe mais quem joga em que time. Até recentemente, todos eram Dilma desde criancinha. Mas o governador Luiz Fernando Pezão fortaleceu o movimento “Aezão” ao fechar uma inusitada aliança com o veterano Cesar Maia. O petista Lindbergh Farias, que vinha sendo menosprezado pelo Planalto, surpreendeu a todos ao lançar a bola em profundidade para ninguém menos que o rei da pequena área – ele mesmo, Romário, que é ligado a Eduardo Campos. E o ex-governador Anthony Garotinho diagnosticou que Dilma poderia ficar isolada, enquanto o prefeito Eduardo Paes falou em “bacanal eleitoral”.

Pelo Brasil afora, caneladas, cotoveladas, mordidas e dribles sensacionais têm marcado a disputa política. No Distrito Federal, havia a expectativa de que o ex-governador José Roberto Arruda fosse julgado na quarta-feira 25, num processo ligado à Operação Caixa de Pandora. Se fosse derrotado, levaria o segundo amarelo e ficaria de fora da final, mas seus advogados adiaram a decisão, livrando Arruda da posição de impedimento. No Amapá, o quase eterno José Sarney anunciou que estaria pendurando de vez as chuteiras. Mas ainda há quem acredite que ele esteja apenas esperando o grito da torcida para que siga em campo. Como no futebol, o jogo só acaba quando termina.