As redes de televisão do mundo que estão no País para a cobertura da Copa têm mostrado muito mais do que a competição em si. Elas estão exibindo o Brasil. Localizados em endereços com vistas panorâmicas, especialmente no Rio de Janeiro – onde estão concentrados os estúdios e centros de mídia –, os programas são transmitidos tendo como pano de fundo paisagens de tirar o fôlego. Como a ESPN internacional, maior canal de esportes dos Estados Unidos, que alugou parte do Clube dos Marimbás, nas areias da praia de Copacabana, na zona sul carioca, para gerar programas para os Estados Unidos e a América Latina. Na bancada, estrelas do esporte internacional, como a apresentadora inglesa Lynsey Hipgrave e os ex-jogadores Alexi Lalas (EUA) e Michael Ballack (Alemanha) são ofuscadas pelo cenário – a sinuosidade da praia e seu famoso calçadão. Tanto faz se é dia ou noite, a visão é deslumbrante.

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CENÁRIO
Acima, jornalistas da emissora britânica ITV apresentam
programa em quiosque na praia de Copacabana.
Abaixo, o estúdio da Sportv na Ilha Fiscal

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Relações públicas da emissora americana, Bill Hofheimer afirma que dois motivos levaram a ESPN internacional a montar sua base no Rio: a final da Copa ser na cidade e o “fator beleza”. Ele explica que “não há nada melhor do que a orla do Rio para representar o espírito brasileiro.” Outras emissoras internacionais parecem ter a mesma opinião, pois também escolheram Copacabana como endereço. A BBC, de Londres, se instalou em uma cobertura na avenida Atlântica, no mesmo bairro, assim como os também britânicos da ITV, que apresentam programas em quiosques na areia. E estúdios de emissoras como KBS, (Coreia), SBS (Austrália) e TV4 (Suécia) estão no Presentation Studios, uma espécie de ponte suspensa erguida pela prefeitura no Posto Seis da praia.

Os canais nacionais também estão apostando em belas paisagens. A SporTV construiu um moderno estúdio de 81 m2, todo de vidro e com formato de bola, na histórica Ilha Fiscal. “Foram dois anos de negociação com a Marinha, Aeronáutica e com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural Nacional (Iphan)”, afirma o diretor de conteúdo da emissora, Raul Costa Júnior. Segundo ele, a opção é um dos diferenciais da emissora. “Conseguimos um lugar que tem seis cenários fantásticos: a ponte Rio-Niterói, o aeroporto Santos Dumont, a Igreja da Candelária, o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e a própria Ilha Fiscal.” O estúdio tem piso rotativo, que vai girando bem devagar e alterando as paisagens. Próximo ao Maracanã, emissoras como a árabe Al-Jazira e a japonesa NHK gravam suas imagens do alto do prédio da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), de onde tem uma visão privilegiada de toda a nave do estádio. A americana Associated Press (AP) espalhou estúdios de vidro por todas as cidades-sedes.

Segundo a Fifa, até o dia 13 de julho, data da final no Maracanã, a Copa do Mundo do Brasil contabilizará 73 mil horas de transmissão de tevê, o equivalente a um aparelho ligado por oito anos. São tantas câmeras transmitindo para tantos lugares que, na avaliação do Ministério do Turismo, metade da população do planeta – algo em torno de 3,6 bilhões de pessoas – terá acompanhado os jogos e, de quebra, visto alguma imagem bonita do País. Trata-se de um recorde de audiência. “Essa é a maior cobertura de futebol da ESPN”, diz Hofheimer. Muitas transmissões são feitas de Jacarepaguá, zona oeste do Rio, onde foi instalado o IBC (Centro Internacional de Transmissão), com capacidade para abrigar 17 estúdios de tevê. “Do IBC, partem imagens para mais de 200 nações, o que significa uma exposição gigantesca do País”, disse o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes.

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BATE BOLA
A ESPN internacional escolheu o Clube dos Marimbas,
em Copacabana, como base para suas transmissões

Tanta exposição, na avaliação do ministro do Turismo, Vinicius Lage, vai mudar, para muito melhor, a posição do Brasil na disputa pela preferência como destino turístico internacional. “Países como a África do Sul e Alemanha, que já realizaram a competição, se beneficiaram bastante”, afirma. “A expectativa é de um aumento de até 10% no número de turistas estrangeiros nos próximos anos no País.”

Fotos: Toby Smith/Getty Images; Felipe Varanda,/Ag. Istoé