A Copa do Mundo no Brasil é um sucesso e, agora, todos querem aparecer como responsáveis ou apoiadores do evento. Certo? Errado. Alguns nomes que pesaram para que o Mundial fosse realizado aqui simplesmente sumiram do mapa – ou melhor, das arquibancadas, dos gramados, dos holofotes. Como, por exemplo, o do presidente de honra da Fifa, João Havelange, 98 anos, sitiado por muitas acusações de corrupção, que está recluso em sua casa, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Ainda se recuperando de uma pneumonia depois de uma semana de internação hospitalar, ele acompanha as partidas pela televisão, segundo um amigo, e “tem gostado dos jogos, achando-os tecnicamente interessantes, com muitos gols”. O cartola também se regozija, elogiando a organização. “Os pessimistas foram calados”, teria dito, referindo-se aos que apostavam no fracasso do Mundial no País. Menos sumido, mas muito discreto, o atual presidente da federação, Joseph Blatter, 78 anos, assiste a alguns jogos nos estádios e, embora se esforce para não chamar atenção, já foi vaiado pela arquibancada quando sua imagem foi projetada no telão durante uma disputa. O secretário-geral da entidade máxima do futebol, o polêmico Jérôme Valcke, 53, está no Brasil desde maio, mas passou despercebido na primeira fase. Talvez para encerrar o período de reclusão, resolveu marcar uma entrevista coletiva na sexta-feira 27, no Maracanã, no Rio.

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CARTOLAS
Acima, o presidente Joseph Blatter e, abaixo, o secretário-geral da Fifa,
Jérôme Valcke: presenças discretas nesta primeira fase do Mundial

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Agora, incógnita mesmo é o destino do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira. Alguns de seus interlocutores afirmam que ele está longe da Copa do Mundo, viajando pela Europa. Com residência fixa no Rio e em Miami, Teixeira não é encontrado em nenhum dos dois endereços. No mês passado, foi visto almoçando com o ex-presidente do Flamengo Edmundo Santos Silva, no Leblon, zona sul do Rio. “Ele vive ‘zanzando’ entre os Estados Unidos, Europa, especialmente a Espanha, e o Brasil. Só não fica de vez nos Estados Unidos porque não tem o green card (literalmente, cartão verde, que permite a estrangeiros morar no país) americano”, diz uma pessoa próxima. Menos importante, mas também uma ausência notada, é a neta de Havelange, Joana, diretora-executiva do Comitê Organizador Local (COL). Ela está sumida também da casa do avô, com quem ainda não teria assistido a uma partida de futebol, desde a indigesta gafe cometida em maio, quando postou em sua conta do Instagram um texto que, entre outras coisas, dizia: “O que tinha que ser gasto, roubado, já foi”.

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NO SOFÁ
Presidente de honra da Fifa e à frente de inúmeras Copas pela
entidade, João Havelange tem visto os jogos em casa

A dirigente não estudou na cartilha do avô, segundo um velho conhecido da família, que não quis se identificar. “Ela fez exatamente o contrário do que João Havelange ensinou. Ele sempre foi discreto, tomou cuidado redobrado com sua imagem. Joana se expôs e expôs a organização do evento. É claro que ele ficou chateado com ela”, afirmou. Resultado: outra Havelange fora de cena, outra executiva do futebol escondida nos bastidores. Joana segue sua rotina diária de reuniões no COL e assiste a jogos diretamente nos estádios, mas, até agora, está praticamente invisível. O time dos sumidos não ficaria completo sem o mascote da competição, o tatu-bola Fuleco, que sequer foi chamado para a abertura da Copa. O personagem só apareceu rapidamente, e em versão digital, nos telões das arenas para comemorar gols ou no noticiário como figura principal de um embate entre a Fifa e a Associação Caatinga, organização não governamental que reclama da falta de apoio financeiro da Federação aos projetos contra a extinção do bicho.

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EXTINÇÃO
O tatu-bola Fuleco, mascote deste Mundial, não apareceu
nem na abertura do torneio, na Arena São Paulo

Colaborou: Mariana Brugger
Fotos: ANDREAS SOLARO/AFP PHOTO; Evaristo Ss/AFP PHOTO